segunda-feira, junho 30, 2008

Veja o trailer de Quantum of Solace, o novo 007


O trailer de Quantum of Solace, a segunda aventura de Daniel Craig como o agente James Bond já está na rede. A escolha para a direção é bizarra - Marc Forster, de A Última Ceia, O Caçador de Pipas e Em Busca da Terra do Nunca é o responsável pelo 21º filme da série, que estréia em 07 de novembro.

Você deve lembrar que não gostei de Cassino Royale, pois aquilo, para mim, não é James Bond. Daniel Craig é ótimo. O problema não é a cor do cabelo, mas as atitudes que não lembram Bond em nada - tirando seu bom gosto para mulheres, roupas e drinks. O filme seria melhor (e mais justo com a carreira de Craig) se a trama fosse pretexto para lançar um novo herói de ação.

O trailer de Quantum of Solace é tudo, menos 007. A prévia traz bastante ação e pancadaria. Parece muito com o que já vimos na trilogia Bourne. A impressão é que os produtores buscam... hmm... mais realismo nas cenas de ação e a desculpa é que 007 sempre foi "mentiroso" demais. Ok, mas repare no Bond de Daniel Craig lutando, correndo por telhados e saltando obstáculos no controle de uma moto a toda velocidade. O que acha? É um Jason Bourne loiro? Ou é James Bond? Veja
abaixo (ou no site oficial).


domingo, junho 29, 2008

WALL-E

WALL-E fala o esperanto do cinema


Na minha crítica para Ratatouille, em 2007, eu disse que a Pixar testava algo de novo para o cinema em termos de linguagem. Graças a WALL-E (WALL-E, 2008), não tenho mais dúvida que os criadores de Toy Story e Procurando Nemo têm um plano em andamento, mas ao contrário do que pensei em Ratatouille, não é exatamente novidade que eles buscam. A Pixar não quer mudar o cinema. Tecnicamente sim, mas a narrativa permanece clássica. Por amor à sétima arte, o estúdio quer fazer o público atual entender ou lembrar o que realmente significa o cinema.

A direção de Andrew Stanton é magnífica, o roteiro é irretocável e extremamente criativo, os personagens são cativantes, os efeitos sonoros são impressionantes, temos referências a diversos filmes clássicos e WALL-E é maravilhoso do início ao fim. Mas isso você já sabe. O que alguns talvez não entendam é que WALL-E não pode ser resumido com "simples" adjetivos.

Tentarei explicar: filmes de qualidade não deveriam ser divididos em gêneros (comédia, ficção científica, drama, suspense, etc). Os irmãos Lumière ensinaram, desde 1895, que o cinema é uma linguagem. É comunicação. Naquela época, os filmes eram mudos - gestos e olhares eram mais fortes que qualquer palavra. Não importa se temos um desenho ou um filme com atores de carne e osso. Ou se o filme se mistura com animação. Tudo é uma língua só. Os Lumière sabiam disso. Mas, aos poucos, as pessoas esqueceram seus ensinamentos. Talvez, a trama de WALL-E seja uma metáfora para isso.

Hoje, o que importa é o dinheiro. Na vida real e no cinema. O importante é que uma produção faça milhões em seu final de semana de estréia. O que vale é um filme cheio de ação e efeitos visuais - de preferência com atores milionários berrando, atirando, batendo e correndo na tela. É o que os estúdios (e o público) querem. Infelizmente, a cada dia que passa, testemunhamos a queda do cinema criado pelos irmãos Lumière.

Mas, no fundo, o que torna um filme bom? Ou melhor que outro? Será que pela divisão dos gêneros? Uma comédia precisar ser 100% comédia? Suspense tem de ser sempre suspense? Um filme não pode misturar gêneros? O Globo de Ouro divide suas categorias em drama e comédia, por exemplo. O fato é que os principais prêmios colocam seus selos de garantia em produções e separam atores principais de coadjuvantes, direção de roteiro, e aprendemos de forma errada o que é o bom cinema - por meio de números, efeitos visuais e prêmios.


Mas, afinal, o que é cinema? E o que é cinema de qualidade? Penso que ele deve romper gêneros e falar diretamente com a platéia. Não importa se é mudo ou falado. Ele deve emocionar o público, envolvê-lo, de alguma forma. Poucos conseguem isso e poucas são as obras-primas. WALL-E não precisa de diálogos para se comunicar com a platéia dos oito aos 80. A Pixar fez um longa de deixar os olhos do público brilhando com o avanço da tecnologia no cinema, mas ela quer mesmo é falar do verdadeiro significado da sétima arte, que se perdeu no tempo. WALL-E é uma história que se comunica 90% do tempo com imagem, som, ruído e música. Precisa de algo mais? Parece que não. Gênios como Charles Chaplin, Buster Keaton e Jacques Tati sabiam disso. Os mestres da Pixar também. WALL-E fala de futuro, mas quer é resgatar o passado.

A Pixar joga a trama em 2775, ou algo assim. A Terra virou um depósito de lixo do próprio homem, que se mandou para o espaço a bordo de uma gigantesca nave. No planeta, ficaram apenas robozinhos com a missão ingrata de limpar tudo para que a Humanidade possa, um dia, retornar. Pelos cálculos da trama, a Terra foi dominada pela sujeira total em torno de 2070. Ou seja, quando chegarmos ao ano de 2070 na vida real, WALL-E já será um filme antigo. E a trama criada por Andrew Stanton e Jim Capobianco só começa depois de 700 anos.

É apenas uma observação inicial para classificar WALL-E como a melhor ficção científica da década. Mas é injusto prender o filme a apenas um gênero. Tem comédia também - e no melhor estilo do cinema mudo. Mas não podemos ficar só nisso. E, ao contrário do que muitos pensam, animação não é um gênero. Ou, pelo menos, não deveria ser. Lá pela metade de WALL-E, por exemplo, a Pixar faz questão de nos lembrar que estamos vendo uma animação e não um filme cheio de efeitos visuais.

Claramente, a Pixar está tentando dizer algo. O cinema evolui tecnicamente, mas a linguagem é a mesma. Eu captei da seguinte forma: cinema é linguagem. É uma forma de expressão. Não importam os gêneros. Não importa se é filme ou desenho. Não precisamos de palavras. Basta entender a linguagem universal que existe entre o amor, a esperança, a amizade e a arte.

Alguns acusarão WALL-E de hipocrisia, afinal a Pixar fala do excesso de consumo quando estamos numa indústria chamada Hollywood. Mas não é isso. Não é somente uma produção que carrega referências e mensagens ecológicas ou pacíficas. A verdade é que WALL-E tenta mostrar a uma nova geração o que os mestres dos primórdios da sétima arte tentaram nos ensinar. É aquela velha pergunta que volta de vez em quando em nossas mentes e corações: o que é cinema?

WALL-E (WALL-E, 2008)
Direção: Andrew Stanton

Roteiro: Andrew Stanton e Jim Capobianco
Com as vozes de Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin, Fred Willard, John Ratzenberger e Sigourney Weaver

sexta-feira, junho 27, 2008

Disney contra-ataca com Bolt


Com a atenção da garotada voltada para Kung Fu Panda, da Dreamworks, e WALL-E, da Pixar, os estúdios Disney contra-atacam com o trailer de Bolt. A prévia mostra o cãozinho do título em ação. Na trama, Bolt é astro de uma série de TV, mas se vê obrigado a encarar uma aventura de verdade.

John Travolta dá voz a Bolt, mas o time de dubladores inclui Miley Cyrus, Susie Essman, Thomas Haden Church, Woody Harrelson, Bernie Mac e Bruce Greenwood. A direção é de Chris Williams, responsável pelo roteiro de Mulan. Bolt estréia no dia 26 de novembro nos EUA. Veja o trailer bacana.

quinta-feira, junho 26, 2008

Os cinco melhores da Pixar

Aqui vai a minha lista para os cinco melhores trabalhos dos gênios invictos e invencíveis da Pixar Animation Studios. Detalhe: leia antes que WALL-E chegue aos cinemas, afinal a ordem pode alterar os fatores.

1
Habemus
RATATOUILLE

Precisas admitir, mortal, que duvidaste do poder devastador de Ratatouille antes mesmo de vossa entrada no cinema. Confesse agora e serás perdoado por toda a eternidade. Admitas que o diretor Brad Bird entregou uma obra-prima diante de vossos olhos, que a Terra há de comer, e bateu prazerosamente em vossa cara com luva de pelica após queixus caídus ao término da sessão.

2
Habemus
TOY STORY 2

Imaginaste que Toy Story 2 jamais igualaria o feito de vosso irmão mais velho. Com sangue da mesma família correndo nas veias, a animação lutou bravamente contra inimigos poderosos, mas conquistou os Deuses da Imprensa Estrageira em Hollywood ao tocar o Globo de Ouro de Melhor Filme - Comédia/Musical. Registros de livros de história comprovam que um raio pode cair num mesmo lugar. Ainda mais quando vossos guerreiros Woody, Buzz, Cabeça de Batata e tantos outros intrépidos cavaleiros estão munidos de roteirus estupendus.

3
Habemus
PROCURANDO NEMO


Decoraste a cantoria dos oceanos de Lady Dory (Continue a nadar, continue a nadar) e abominaste O Espanta Tubarões; que profanou a coroa de Procurando Nemo, lançando-a por terra. Testemunhaste a jornada de Marlin contra os inimigos dos sete mares para resgatar seu amado filho. Ó Pixar, recusaram ouvir-Te e não se lembraram das Tuas maravilhas anteriores e duvidaram da saga dos peixinhos falantes. Todavia, Tu, pela multidão das Tuas misericórdias, não deixaste os cinéfilos pecadores no deserto.

4
Habemus
TOY STORY

A Disney não se cansava de produzir desenhos chatos com canções intermináveis. Nesta época de trevas, nascia o primeiro Filho da Pixar para a sétima arte. Por intermédio dos teus profetas; Toy Story revolucionou o modus operandi de Hollywood. Desenho passou a ser reconhecido como animação. Animação passou a ser reconhecida como filme ambicioso com atributos como direção e roteiro recebendo a mesma importância de imagem, movimento e som. Ó Pixar, Tuas abundantes produções são para os reis que freqüentam os cinemas em busca de qualidade. Nota: Dizem que a Pixar fez Toy Story em seis dias. No sétimo, Ela descansou.


5
Habemus
OS INCRÍVEIS


Pela primeira vez, Ó Pixar, colocaste o homem digital como protagonista de uma aventura. Alguns mortais não prestaram a devida atenção, pois ainda estavam fascinados com a saga do famoso peixe palhaço. Ainda assim, Teu povo foi desobediente e se revoltou contra Ti, afinal Os Incríveis não tem bichinhos bonitinhos. Mais uma vez, calaste a boca dos infiéis e detratores de filmes sobre super-heróis e outros lixos hollywoodianos. Fizeste mais uma obra divina. Por causa de tudo isso, estabelecemos aliança fiel com Teu reino, Pixar.

quarta-feira, junho 25, 2008

Sra. Kate Winslet


Anote aí: Kate Winslet vai ganhar o Oscar no ano que vem. Seja por Revolutionary Road, drama de época do maridão Sam Mendes, que reúne a atriz com Leonardo DiCaprio 11 anos após Titanic, ou por The Reader, novo drama do diretor inglês Stephen Daldry, de Billy Elliot e As Horas.

Aliás, The Reader também é filme de época - mas tem romance, Segunda Guerra Mundial, Ralph Fiennes e maquiagem perfeita capaz de deixar Kate bem velhinha (como nas fotos). Só pode dar em Oscar.

Bom, há alguns anos, The Reader seria um tipo de filme já correndo como favorito. Mas, atualmente, a Academia gosta de Os Infiltrados, Onde os Fracos Não Têm Vez... Pelo menos, poderia sobrar um Oscar para Kate, não?



Aos 32 aninhos, a "Sra. Kate Winslet" apareceu no set de The Reader com essa maquiagem sensacional. Eu gostei. E você? Só tenho uma reclamação: ela não parece nada nada com Gloria Stuart em Titanic. Acho que fui enganado por James Cameron.

Mas depois de cinco indicações ao Oscar (Três vezes como Melhor Atriz por Titanic, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças e Pecados Íntimos, além de outras duas como Melhor Atriz Coadjuvante por Razão e Sensibilidade e Iris), 2009 tem tudo para ser o ano em que Kate finalmente ganhará sua merecida estatueta dourada. Estou na torcida organizada.

terça-feira, junho 24, 2008

Elizabeth - A Era de Ouro

"Espelho, espelho meu... em Elizabeth - Parte III,
eu terei a cara de Judi Dench em Shakespeare Apaixonado?"


Em 1998, o diretor Shekhar Kapur e a atriz Cate Blanchett conquistaram o mundo com o sucesso do filme Elizabeth. Nove anos mais tarde, Kapur não repetiu a dose em Honra & Coragem ou na "parte dois" da saga da Rainha Virgem, Elizabeth - A Era de Ouro (Elizabeth - The Golden Age, 2007). Cate Blanchett, pelo contrário, melhora a cada trabalho. Ela é a razão para qualquer um encarar a seqüência luxuosa, porém vazia e completamente desnecessária do filme de 1998.

Não que o original seja grande coisa, mas não deixa de ser interessante, afinal Cate Blanchett arrebatou público e crítica pela primeira vez naquele filme. Foi interessante também por dramatizar os bastidores da ascensão da protestante Elizabeth ao trono da Inglaterra contra a vontade de uma Europa católica. É um filme assumidamente político, que ganha força com a atuação magistral de Cate Blanchett. Ela é perfeita ao mostrar a transição de uma menina, que é obrigada a agir de forma fria e agressiva para impôr respeito.

De uma certa maneira, penso no trabalho de Al Pacino em O Poderoso Chefão, que contribuiu para a maior viagem ao Lado Negro da Força já visto pelo cinema. Há algo de sobrenatural na transformação de Michael Corleone em Don. Nem George Lucas, com seu Anakin Skywalker em Star Wars - Episódio III, conseguiu ser tão poderoso na mensagem de uma pessoa corrompida (ou obrigada a mudar) pelo poder. Nessa estranha comparação, acho que Cate Blanchett também é fantástica na transformação da Rainha Elizabeth I.

Em Elizabeth - A Era de Ouro, infelizmente, não temos nada de O Poderoso Chefão - Parte II. No filmaço de Coppola, o jovem Vito (Robert De Niro) constrói seu império unindo amigos e família, enquanto Michael (Pacino) afasta todas as pessoas que o amam. Diferente de Chefão II, Elizabeth - A Era de Ouro não ousa na estrutura narrativa. Não temos outra linha do tempo para acompanhar a trama ou qualquer outro artifício capaz de injetar criatividade ao filme de Shekhar Kapur. É simplesmente a seqüência do Elizabeth original. Nada mais. Assim, nem é preciso ter uma terceira parte, pois a desculpa para a realização de A Era de Ouro é a mesma para um possível Elizabeth III, IV ou V, afinal há muita coisa para contar sobre a Rainha Virgem. Mas pergunto: é necessário?

Elizabeth (Cate Blanchett) continua enfrentando os mesmos dilemas, as mesmas responsabilidades num período histórico diferente. É hora de enfrentar o Rei Felipe II da Espanha (Jordi Molla), que sonha desenvolver o catolicismo na Inglaterra. Durante todo o filme, o diretor Shekhar Kapur prepara o espectador para a batalha final. Até lá, a Rainha casada com seu país terá ciúmes de um intrépido pirata, Sir Walter Raleigh (Clive Owen), enfrentará traidores, assassinos e conspiradores. Apesar de desnecessário, Elizabeth - A Era de Ouro até possui material para render um filme espetacular. Mas não é. Dois exemplos imperdoáveis que arruinam as ambições do diretor: a batalha que fecha o filme não empolga nem criança (é curta e sua edição preguiçosa destrói qualquer expectativa dramática) e a relação entre Elizabeth e Raleigh (fundamental no roteiro) cairia bem numa trama de novela das oito.

Pelo menos, A Era de Ouro não é longo. Ou seja, não cansa. Mas para justificar esta seqüência de Elizabeth, faltou ousadia a Shekhar Kapur. O filme é deslumbrante como uma bela embalagem de presente (direção de arte, figurino e fotografia), mas seu conteúdo não emociona ninguém. Resta toda a majestade de Cate Blanchett, que encara o filme como se fosse o último de sua bela carreira. Com uma atriz assim, não dá para dormir no cinema.

Elizabeth - A Era de Ouro (Elizabeth - The Golden Age, 2007)
Direção: Shekhar Kapur
Roteiro: William Nicholson e Michael Hirst
Elenco: Cate Blanchett, Geoffrey Rush, Clive Owen, Jordi Molla, Samantha Morton e Abbie Cornish

Obs: Disponível em DVD pela Universal

segunda-feira, junho 23, 2008

P.S. Eu Te Amo

Gerard Butler manda mais um P.S.: "Hilary, minha menina de ouro,
só espero que Clint não veja você assim."


Então esse é o tal P.S. Eu Te Amo (P.S. I Love You, 2007) que todos falavam? Isso é o que chamam de legítimo representante do cinemão romântico, que recomenda lenços ao final da sessão? Hmm... Sei de muita gente que viu essa gororoba que mistura vários ingredientes do gênero, mas nunca viu um Desejo e Reparação. Nem é preciso citar clássicos, mas o público precisa redescobrir urgentemente o romantismo no cinema.

O fato é que P.S. Eu Te Amo encantou platéias, principalmente a feminina. O diretor e roteirista Richard LaGravenese parecia o sujeito ideal para resgatar o gênero, afinal ele escreveu O Espelho tem Duas Faces, para Barbra Streisand, e As Pontes de Madison, para Clint Eastwood. Mas a cena inicial de P.S. Eu Te Amo já denuncia a mão pesada do diretor. Antes dos créditos de abertura, temos 11 longos minutos num apartamento para conhecermos o casal Gerry (Gerard Butler) e Holly (Hilary Swank). ONZE! Depois da abertura, a ação dá um salto para o velório do rapaz, que morreu como vítima de um tumor cerebral. Apesar dos 11 minutos, essa passagem de tempo é interessante, mas engana quem começa a pensar que está diante de um bom filme.

Continuando: Holly entra num terrível período de luto, mas o cara é legal até depois de morto - Gerry armou um plano criativo para evitar que a moça se jogue de uma ponte. De vez em quando, Holly recebe cartas do maridão. A intenção, claro, é mostrar que ela ainda pode ser feliz na vida.

Meigo, não? A idéia é ótima, mas sabemos que um bom filme não se faz apenas com boas intenções. Temos vários títulos decepcionantes que viraram filmes só por causa de uma premissa interessante - como A Corrente do Bem, Patch Adams ou Minha Vida -, mas a idéia deveria ser somente o ponto de partida.

Com a sacada "genial" em mente, Richard LaGravenese ligou o piloto automático e deixou o filme correr solto. A seqüência inicial de 11 minutos é um exemplo negativo, que mostra como LaGravenese ainda precisa melhorar como diretor. Outro exemplo é a cena interminável e completamente sem ritmo com Hilary Swank cantando sozinha em seu apartamento antes de ser surpreendida pela mãe (Kathy Bates) e duas amigas, Denise (Lisa Kudrow) e Sharon (Gina Gershon). Mas onde foi parar o trabalho de edição? O problema é que LaGravenese pensa como roteirista. Talvez ele queira ver o texto na íntegra. Só pode ser isso, mas um diretor experiente teria cortado os excessos. Pode apostar.

O roteiro de P.S. Eu Te Amo não é exatamente ruim, mas o fracasso de LaGravenese como diretor é tão comprometedor, que também envolve a escolha dos atores. Hilary Swank não precisa provar nada a ninguém, mas ela jamais será uma donzela sexy e romântica. É sacanagem com a Menina de Ouro, não? Uma grande atriz precisa encarar desafios, mas não dá pra engolir Hilary Swank nesse tipo de papel. É como escalar Clint Eastwood para um pastelão. Nada a ver. O único que consegue se salvar entre mortos e feridos é Gerard Butler, que está a vontade no papel e convence como o "homem dos sonhos" de qualquer mulher. Como ele ainda trabalha sua imagem junto ao público, P.S. Eu Te Amo saiu no lucro para o astro de 300.

Mas será que sou (ou estou) insensível? Ou o filme é ruim mesmo? Qual opinião devo escolher? Deixe-me pensar... Bom, eu sou homem e choro no cinema. Quando há emoção sincera, não consigo evitar. Confesso. Mas pela divulgação boca a boca que P.S. Eu Te Amo ganhou, eu achei que o tom romântico do filme conquistaria os públicos masculinos e femininos com mesma eficiência de raridades como Uma Linda Mulher, Ghost e Titanic. Pois me resta a seguinte opinião: P.S. Eu Te Amo é ruim. Fraquinho de dar dó.

Pelo menos, o filme funciona para quem precisa afogar as mágoas ou curte um masoquismo emocional ou dor de cotovelo. Tem até musiquinha chata do James Blunt pra ajudar no final. Mas se o cinema também tem essa função, amigo, levante a cabeça, sacuda a poeira e dê a volta por cima. Nada de fossa. Alugue um Frank Capra e seja feliz.

P.S. Eu Te Amo (P.S. I Love You, 2007)
Direção: Richard LaGravenese
Roteiro: Richard LaGravenese e Steven Rogers (Baseado no livro de Cecelia Ahern)
Elenco: Hilary Swank, Gerard Butler, Gina Gershon, Lisa Kudrow, James Marsters, Kathy Bates, Harry Connick Jr. e Jeffrey Dean Morgan

Obs: Disponível em DVD pela Paris Filmes

sexta-feira, junho 20, 2008

Agente 86

"99... err... que tal eu e você num remake de 'A Bomba que Desnuda'?"


Devo admitir que as comédias imbecis - falo de "paródia", "besteirol" e "pastelão" - chegaram ao fundo do poço da criatividade. Hollywood perdeu esse dom. Não sei se é culpa do cinismo de nossos tempos, mas aquele tipo de filme capaz de fazer rir no cinema do início ao fim não existe mais. Pensando nisso, temi pela adaptação de uma das melhores séries da TV para a telona. Mas não é que Agente 86 (Get Smart, 2008), com Steve Carell no papel que foi de Don Adams, funciona que é uma beleza? Toda regra tem MESMO a sua exceção.

Na verdade, Agente 86 nunca foi um besteirol. Muito menos um pastelão. São coisas diferentes. Mas o humor da série surgia da personalidade naturalmente atrapalhada do agente Maxwell Smart, interpretado pelo saudoso Don Adams. Certamente que a série criada por Mel Brooks e Buck Henry aproveitou para fazer uma paródia dos filmes de espionagem e, principalmente, de James Bond. Era o auge da Guerra Fria, os anos 60. Mas é assim: imagine se 007 tropeçasse em suas missões ou caísse em buracos, mas resolvesse tudo no final sem saber muito como chegou vivo até lá. Isso é Agente 86. Uma comédia de ação e espionagem graças a Maxwell Smart. Graças a atuação de Don Adams, muitos confundem a série com besteirol. O que eu acho ótimo, afinal isso torna a criação do ator (e de Brooks e Henry) mais complexa e clássica.

Maxwell Smart, no entanto, deveria ter se aposentado no auge de seu carisma, mas Adams estrelou uma aventura do Agente 86 para o cinema em 1980. Trata-se de A Bomba que Desnuda, mas o longa não deu certo. Ainda tentaram ressuscitar o personagem no telefilme Agente 86 De Novo, mas era hora de parar.

Na atual crise criativa de Hollywood, adaptar Agente 86 para o cinema era questão de tempo. Só que mesmo com Mel Brooks e Buck Henry atuando como consultores, o filme de Peter Segal jamais teria ido para frente sem um protagonista que honrasse o trabalho de Don Adams. Mas os fãs podem respirar aliviados, pois Steve Carell dá conta do recado. Seu legado, obviamente, ainda não pode ser comparado às conquistas de Don Adams, que foi um gênio da comédia. Mas Carell está definitivamente no caminho certo. Com The Office na bagagem, Agente 86 pode aumentar ainda mais o prestígio do ator na indústria. E ele merece.

Felizmente, Steve Carell não imita Don Adams como Maxwell Smart. Com um timing perfeito, ele contribui na construção de um Agente 86 para a nossa época. Há o devido respeito com a obra original, algo que comentarei a seguir, mas as situações do roteiro, que atualizam os motivos do confronto entre as organizações secretas C.O.N.T.R.O.L. e K.A.O.S., e o humor de Carell jamais esquecem o cenário político e social do novo milênio. Aliás, todas as vezes em que o roteiro de Tom J. Astle e Matt Ember ameaça o filme com uma atenção exagerada e desnecessária ao excesso de coadjuvantes na trama, Steve Carell surge para salvar o dia com piadas excelentes capazes de deixar você rindo na poltrona do cinema, enquanto a cena seguinte já está rolando na tela. Steve Carell é o máximo. Ponto final.

Outra boa notícia para os fãs é ver como a parceira de Smart, a agente 99 (Barbara Feldon no original) ganhou uma atualização perfeita na pele de Anne Hathaway, uma das grandes apostas para o futuro de Hollywood. Isso que é estrela! Anne é boa atriz, carismática, linda, engraçada e sensual. Que mulher, senhoras e senhores! Sua presença na tela não é menos do que mágica. Outro ator teria ficado em segundo plano com Anne Hathaway iluminando as cenas. Carell, no entanto, não perde o jogo, afinal é um ator talentosíssimo. Mas a química entre os dois está perfeita. Isso é o que importa. Para cada ação de Steve Carell, temos uma reação de Anne Hathaway. E vice-versa. Ela também é o máximo. Ponto final.

Juntos, eles fazem de Agente 86 uma comédia imperdível. Tanto para os fãs da série quanto para quem jamais assistiu a qualquer episódio da saga de Maxwell Smart. O diretor Peter Segal até que se esforça ao recriar o clima da série para agradar aos fãs - e ele sabe das coisas, pois aprendeu com o trio ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker)*, quando assinou Corra que a Polícia Vem Aí 33 1/3. Além do humor inteligente, temos a abertura famosa com a clássica música de Irving Szathmary, o sapatofone, o cone do silêncio, a fala "Missed it by THAT much" e outras referências. Mas é por causa de Steve Carell e Anne Hathaway, que o filme merece os elogios e as risadas da platéia.

* O trio David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker assinou comédias como Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu, Top Secret - Superconfidencial e Por Favor, Matem Minha Mulher. Mais tarde, David Zucker dirigiu os dois primeiros Corra que a Polícia Vem Aí, enquanto Peter Segal comandou o terceiro filme. Jim Abrahams assinou sozinho Top Gang 1 e 2. Em 1990, Jerry Zucker tentou algo diferente e dirigiu nada menos do que Ghost - Do Outro Lado da Vida.

Agente 86 (Get Smart, 2008)
Direção: Peter Segal
Roteiro: Tom J. Astle e Matt Ember (Baseado na série de Mel Brooks e Buck Henry)
Elenco: Steve Carell, Anne Hathaway, Dwayne Johnson, Alan Arkin, Terence Stamp, Masi Oka, Dalip Singh e Bill Murray

Primeira impressão



Especialmente para o meu amigo Vinicius Pereira (Blog do Vinicius): na última terça-feira, estive na pré para convidados do filme Agente 86. No final, encontrei um amigo jornalista de um dos mais importantes veículos do País. Infelizmente, não posso revelar a fonte, pois o filme em questão ainda não estreou.

Perguntei se ele gostou de Agente 86, mas a resposta veio dessa forma: "Gostei, mas acho que não aproveitei muito porque eu vi WALL-E ontem e ainda estou com o filme na cabeça."

Segui em frente: "Muito bom?"

Ele respondeu: "Cara, é o melhor da Pixar!"

Para concluir, fiz mais uma perguntinha: "Não me diga que é melhor que Ratatouille... Impossível, não?"

E ele encerrou: "É melhor sim. É maravilhoso! Até agora, WALL-E é o melhor filme do ano. De longe!"

Ainda vai demorar mais uma semana para a estréia de WALL-E, que chega aos cinemas do mundo inteiro no dia 27 de junho em versões dubladas e legendadas. Mas... E agora, Vinicius? O que você me diz?

quinta-feira, junho 19, 2008

Os cinco filmes mais engraçados de todos os tempos


A versão cinematográfica da série Agente 86 estréia nesta sexta-feira. HOLLYWOODIANO já conferiu o filme com Steve Carell e Anne Hathaway, mas a crítica será publicada somente amanhã.

Até lá, fique com a lista do blog para os cinco filmes mais engraçados de todos os tempos. São cinco exemplos que fazem rir mesmo em reprises. Se você gargalhou em filmes como As Branquelas, Todo Mundo em Pânico e Os Espartalhões, por favor, procure pelos DVDs dos títulos abaixo. Urgente.


Obs: Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder, é a melhor comédia já feita. Mas a ordem da lista não compreende necessariamente a qualidade de cada filme, mas o grau de estupidez e risadas por minuto.


1- Top Secret - Superconfidencial (1984)
de David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker

Val Kilmer é Nick Rivers, um astro do rock norte-americano em turnê pela Alemanha Nazista. É o que você precisa saber para embarcar em piadas preconceituosas e inspiradíssimas do trio ZAZ (Zucker, Abrahams, Zucker), que dominou o besteirol dos anos 80. É impossível não rir. Tente ficar indiferente na cena da vaca, por exemplo. Se conseguir, vá ao médico, pois você está doente. Em Top Secret, quando você pensa que já viu o suficiente, espere pela cena seguinte.



2- Monty Python em Busca do Cálice Sagrado (1975)
de Terry Gilliam e Terry Jones


Por que esse é o melhor trabalho do grupo cômico mais genial do cinema (e da TV)? A resposta está em sacadas como os cavalos invisíveis, os cavaleiros que dizem "Ni", a donzela no alto da torre, o teste da ponte que leva ao Santo Graal, a Granada de Mão Sagrada, o maldito Coelho Assassino, a investigação da polícia e a conclusão absurda.


3- A Vida de Brian (1979)
de Terry Jones

Mais um Monty Python alucinante. Desta vez, o grupo inglês conta a história do pobre Brian (Graham Chapman), que nasce no mesmo dia e horário do menino Jesus e é confundido com o Messias. Até a cena final com o musical da crucificação, Brian foge de fanáticos, centuriões romanos e alienígenas (!). A ironia do Monty Python desafia os nossos conhecimentos em religião e nos registros da Bíblia. Mas assista sem preconceitos, afinal é bobagem da melhor qualidade.


4- A Nova Transa da Pantera Cor de Rosa (1976)
de Blake Edwards


Não sei dizer se é o melhor filme da série, mas A Nova Transa da Pantera Cor de Rosa (tradução ridícula para The Pink Panther Strikes Again) é a mais engraçada de todas as aventuras do atrapalhado Inspetor Jacques Clouseau (o grande Peter Sellers). Aviso importante: a cena do gás do riso é clássica e pode deixar qualquer um sem fôlego. Portanto, tenha cuidado.


5- Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu (1980)
de David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker

Olha o trio ZAZ de novo. Para muitos, Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu é o melhor dos criadores de Top Secret e Corra que a Polícia Vem Aí!. A sátira se concentra no cinema catástrofe, mas há tempo para brincar com filmes de outros gêneros. Os Embalos de Sábado à Noite é um deles. Preste atenção nas histórias contadas pelo herói Ted Striker (Robert Hays), que matam - literalmente - a paciência de qualquer um. Não deixe de rir na cena da fila, que tenta acalmar uma mulher à beira de um ataque de nervos, e no momento em que a aeromoça "enche" o piloto inflável.

quarta-feira, junho 18, 2008

Coisas que perdemos pelo caminho


As pernas de Cyd Charisse
(1921-2008)


Os monstros de Stan Winston
(1946-2008)

terça-feira, junho 17, 2008

O Incrível Hulk

Hulk veio ao Brasil, mas não conheceu o trânsito de São Paulo


Esqueça o filme de Ang Lee sobre o gigante esmeralda realizado em 2003. O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008) marca um novo gênero involuntário em Hollywood. É o gênero dos heróis da Marvel, a poderosa produtora de quadrinhos responsável por Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men, Thor e Capitão América, que assumiu de vez o controle criativo de seus filmes desde Homem de Ferro como um verdadeiro estúdio. Quem manda em O Incrível Hulk não é o diretor Louis Leterrier, de Carga Explosiva e Cão de Briga, nem mesmo o ator, roteirista, produtor e fã Edward Norton. Quem manda é Kevin Feige, atual presidente da Marvel, que começa a executar um ousado plano que pode afetar a narrativa do cinema como você conhece nos próximos anos. Para o bem ou para o mal.

À primeira vista, O Incrível Hulk aparenta ter uma ou outra passagem acelerada no decorrer da trama. A impressão é que o roteiro está cheio de falhas grotescas ou personagens subdesenvolvidos, mas não é exatamente isso. A verdade é que o fã de Hulk (e outros heróis da Marvel) pegará toda e qualquer referência às histórias em quadrinhos. Quem não tem pós-graduação no assunto, no entanto, pode achar que algumas cenas terminam sem solução ou mesmo que alguns personagens são simplesmente abandonados. Mas não é isso. Para entender a jogada da Marvel, você precisa entrar no cinema disposto, com a mente aberta e livre de qualquer preconceito.

A idéia é acostumar o público atual de cinema com os crossovers. Trata-se da técnica de misturar personagens de diferentes franquias numa mesma trama. O recurso é bastante comum nos quadrinhos - e em muitas animações estreladas por super-heróis na TV. Mas a pergunta é a seguinte: vai funcionar no cinema? Eis a questão. Imagine se o final de E.T. - O Extraterrestre trouxesse de volta do espaço o personagem de Richard Dreyfuss, em Contatos Imediatos do Terceiro Grau. Você acharia estranho? Sem nexo? Pois são dois filmes dirigidos por Steven Spielberg em um curto intervalo de tempo. Enfim, depende da visão de cada um. Mas não deixa de ser polêmico. E ainda é cedo para dizer, mas O Incrível Hulk prepara Hollywood para este novo terreno narrativo.

Se a proposta pegar, os filmes de super-heróis compreenderão um só universo. No caso, os protagonistas da Marvel. Então, imagine que para entender um filme do Capitão América, que está previsto para 2011, você precisará assistir a O Incrível Hulk e Homem de Ferro. Do ponto de vista comercial, é uma estratégia e tanto. Hollywood está adorando, afinal é garantia de muita grana nos bolsos dos estúdios. Sem revelar a grande surpresa de O Incrível Hulk, que coloca o plano comentado acima em prática, basta dizer que a idéia da Marvel é preparar o público, principalmente, para um futuro longa dos Vingadores - os fãs dos quadrinhos sabem o que significa. É a reunião entre heróis como Homem de Ferro, Hulk, Capitão América e Thor.

Expliquei? Então, vamos em frente. O Incrível Hulk, de Louis Leterrier, considera que todos já sabem que Bruce Banner (Ed Norton) se transforma no gigante esmeralda quando fica nervosinho (ou até excitado). Há um resumo na abertura para situar o espectador. A ação pula para a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, com Banner tentando encontrar uma cura, enquanto se esconde de militares norte-americanos, que desejam utilizar seu corpo em experiências para a criação de um exército invencível de... Hulks. Como as feras seriam domesticadas para a guerra, aí não me pergunte, por favor, ok?

O Incrível Hulk ainda tem tempo para homenagear a série de TV com Bill Bixby e Lou Ferrigno com inserções da trilha clássica. Aliás, Ferrigno tem uma ponta legal como um segurança e ainda faz a voz do verdão quando ele grita o famoso HULK ESMAGA! No papel de Bruce Banner, Ed Norton empresta dignidade ao cientista. Cada vez mais bonita, Liv Tyler faz Betty Ross, a namorada do herói. O amor que um sente pelo outro é convincente e envolve a platéia, que se importa com o que pode acontecer aos dois. E quando Hulk sai no quebra-pau com o vilão Abominável (Tim Roth) no fim do filme, todos torcem pelo gigante esmeralda. São méritos de Leterrier e Norton, que contribuiu para o roteiro de Zak Penn, mas retirou seu nome dos créditos.

Porém, deixe-me dizer uma coisa, quem não é fã pode reclamar da luta final. Ela é interminável. Mas é ação competente e visceral, pois Leterrier sabe das coisas. E o filme não é perfeito. Inclusive, transmite a sensação de que a trama vai do nada a lugar nenhum. Banner começa e termina fugindo. Mas se avaliarmos o filme pela proposta que a Marvel desenvolve para o cinema, não é problema saber que O Incrível Hulk não se sustenta sozinho. Ou seja, ele precisa de uma seqüência ou do esperado longa dos Vingadores. O filme é apenas parte de um plano.

É compreensível que muitos saiam do cinema reclamando, mas eu te digo uma coisa: vibrei muito com as cenas de ação e me preocupei com Bruce Banner e Betty Ross. Esse elo com os personagens é importantíssimo. A platéia não pode ver um filme passivamente. Se O Incrível Hulk tem (ou não) problemas, pelo menos, ele tem alma, coração. É o que anda faltando ao cinema ultimamente.

O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008)

Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Zak Penn (Baseado nas histórias em quadrinhos de Stan Lee e Jack Kirby)
Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, William Hurt, Tim Roth, Tim Blake Nelson, Débora Nascimento e Ty Burrell

domingo, junho 15, 2008

Fim dos Tempos

"É melhor a gente ir andando.
Acho que o final surpresa está se aproximando. CORRAM!"


Não importa qual é o tema de Fim dos Tempos (The Happening, 2008), o novo filme de M. Night Shyamalan, o diretor criativo de O Sexto Sentido e Sinais. Ele não quer ser pedagógico e ensinar as pessoas como tratar o mundo melhor. O que Shyamalan quer é aproveitar os recursos oferecidos por uma boa sala de cinema e divertir o espectador com suas histórias misteriosas e assustadoras. Em Fim dos Tempos, acima de tudo, ele quer homenagear Steven Spielberg, seu maior ídolo, O Exorcista, um de seus favoritos, e os filmes B de ficção científica e terror dos anos 50 e 60.

O Exorcista é o filme de horror explícito mais impressionante da História. Os outros grandes filmes de terror, no entanto, apostavam naquilo que a platéia não via para provocar medo. Foi assim, por exemplo, em O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski. Filmes de ficção científica e suspense também aproveitaram a mesma técnica - Spielberg se recusou a mostrar muito de seu Tubarão; Ridley Scott quase não deixou a gente ver o monstro de Alien - O Oitavo Passageiro e o elegante suspense de Hitchcock estava nas sutilezas. Ou seja, quanto menos o espectador ver, melhor. Mas William Friedkin fez o impossível em O Exorcista, que não esconde o nojo e o sangue. Não sei como ele conseguiu, mas o que importa é que todos esses nomes são influentes no cinema de M. Night Shyamalan. Principalmente, a câmera e os recursos narrativos de Steven Spielberg.

Isso está nos detalhes - antes da platéia ver aquilo que assusta o personagem, Shyamalan e Spielberg filmam o rosto petrificado de medo do sujeito e só depois sabemos o que está acontecendo. É um estilo que impressiona e prepara o clima para o medo, o suspense ou o terror. Os protagonistas de Shyamalan (como muitos de Spielberg) também estão sempre acompanhados de crianças e a união da família é o foco principal da trama - mais do que as ameaças ou qualquer susto ou cena de ação.


O segredo ou a verdade sobre quem está por trás do suicídio coletivo na história de Fim dos Tempos tem pouca importância no que Shyamalan quer passar ao público. Ele se preocupa muito mais em reaproveitar o que já foi explorado em filmes B do passado numa produção de grande orçamento. Spielberg brincou da mesma forma em filmes como Guerra dos Mundos e a série Indiana Jones.

Só que, desta vez, Shyamalan procurou ser mais explícito no banho de sangue. Antes, ele era mais elegante na direção. Os efeitos sonoros e a sugestão tocavam o terror em O Sexto Sentido e Sinais. O som continua sendo fundamental em Fim dos Tempos, mas o poder da imagem é a nova prioridade do diretor, que não desvia a câmera das mortes grotescas. Ele quer que você veja tudo. Como em O Exorcista.

Aliás, a estrutura do roteiro de O Exorcista marcou a carreira de Shyamalan. O filme de William Friedkin não é sobre uma menina possuída pelo capeta e sua mãe desesperada. O Exorcista é sobre o Padre Karras (Jason Miller). Essa sacada influenciou os roteiros de Shyamalan, que giram em torno de um acontecimento extraordinário, mas o que realmente importa na trama nem sempre é captado pela platéia. Até aqui, eu não toquei nos problemas. Mas vamos lá.


A principal diferença de O Exorcista para Fim dos Tempos é a força da história. Shyamalan pode mostrar gente morrendo de diversas formas, mas nunca impressiona como o clássico de Friedkin. Fim dos Tempos não deixará ninguém acordado à noite. Com um roteiro incrivelmente fraco, Shyamalan quis ser explícito na violência, mas não conseguiu impressionar. O filme não empolga e isso representa um desastre nas pretensões do diretor. Ser sanguinário não é o suficiente. Outro erro de Shyamalan é explicar o mistério, claro, com o auxílio de imagens quando tudo não passava de teoria na visão de personagens como professores, cientistas e jornalistas. Onde está a confiança na platéia?

Uma boa história com começo, meio e fim ainda é essencial para o cinema, mas Shyamalan anda mais preocupado em exercitar seus estilos em torno das influências de seus mestres. Fim dos Tempos tem bons momentos, mas um filme não se sustenta somente com homenagens. Ainda bem que O Sexto Sentido saiu numa época em que ninguém sabia quem era M. Night Shyamalan. Nem mesmo ele.

Fim dos Tempos (The Happening, 2008)
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Ashlyn Sanchez, Spencer Breslin, Robert Bailey Jr., Betty Buckley e Jeremy Strong

sábado, junho 14, 2008

Sex and the City - O Filme

"Deve haver algum site em que eu possa comprar um pijama mais confortável"


OK, preciso dizer algumas coisas antes de você prosseguir com a leitura desta crítica. Eu não vi a maioria dos episódios de Sex and the City, mas a série é ótima. Admito. Mas também aviso que não entendo nada, absolutamente coisa alguma de moda. Para você ter uma idéia, eu pensava que Yves Saint Laurent já havia batido as botas há um tempão. Fiquei surpreso quando soube da morte dele.

Agora, a crítica: quando dizem que um longa vale apenas por seus efeitos visuais, eu faço essa comparação a Sex and the City - O Filme (Sex and the City, 2008), que vale somente pelo desfile de roupas e grifes. Tirando isso, o filme se concentra em dramas que eu não compreendo. Um deles é mostrar que uma mulher bem vestida se torna melhor que as outras. Outro draminha é acompanhar uma mulher sofrendo com a possibilidade de não realizar uma festa de casamento caríssima. Quer mais? O filme tenta arrancar lágrimas de quem se emociona com gente que ainda não decidiu se comprará aquela cobertura bacana com vista para Manhattan ou um closet gigantesco capaz de guardar milhões de sapatos. Enfim, são conceitos que não me emocionam facilmente.

Aliás, os aspectos comentados acima não eram tão descarados na série da HBO. Na TV, a mulher partiu para o ataque. A moda estava lá, mas não era o mais importante. A mulher era mais ousada e independente. No cinema, ela é carente, meiga, dependente. Na série, ela ganhou espaço na sociedade com muita garra. No cinema, ela só chora e bate o pé. Que exemplo é esse? Onde foram parar o sexo e a cidade, que fizeram a série conquistar tantos fãs? É o sinal dos tempos: a TV é mais criativa, inteligente e ousada que o cinema. Hoje, a sétima arte é direcionada aos adolescentes.

A verdade é que Sex and the City andou para trás em sua transposição para o cinema. Ao menos, espero que os fãs estejam satisfeitos. Não sendo devoto da série, eu preciso fazer a crítica em cima do que entendo como cinema - roteiro, direção, atuações, etc.

É inegável que Cynthia Nixon e principalmente Sarah Jessica Parker e Kim Cattrall são atrizes carismáticas. Todas criaram personagens adoráveis. Já Kristin Davis é careteira e exagerada. Não perdôo. Ainda assim, o quarteto fantástico não pode segurar um filme com o roteiro fraco do diretorzinho Michael Patrick King. Sex and the City - O Filme é basicamente uma comédia romântica como já estamos cansados (ou não) de ver nos últimos 20, 30 anos. Não é Bonequinha de Luxo, mas elas atuam como se fossem as "Bonequinhas de Luxo". Também não é uma comédia romântica da classe de um Woody Allen de Manhattan, Annie Hall ou Hannah e Suas Irmãs. É uma comédia romântica lotada de clichês mesmo. Dessas que saem todas as semanas. A pequena diferença é que estamos falando de Sex and the City. Isso quer dizer que o filme é mais picante do que outros exemplares do gênero.

Michael Patrick King também é frouxo na edição de seu filme. Todos os conflitos poderiam ser resolvidos com apenas uma hora de duração, mas o diretor e roteirista inventa um imprevisto com as garotas e adia um final que não é preciso ser Nostradamus para adivinhar como será. O problema não é ser previsível, mas fazer o público esperar pela conclusão óbvia. Veja bem: são duas horas e meia de filme, meus amigos. Duas horas e meia! E pensar que tudo era muito bem feito na TV com cerca de quarenta e poucos minutos.

Com tantos erros e enrolações no roteiro e os quase 150 minutos de duração, Sex and the City pode até irritar a paciência de alguns fãs, mas sobra para quem gosta de moda. Assim, um ingresso acabará custando o valor de uma bolsa da Louis Vuitton em um futuro não muito distante. Tem gente que vai pagar pra ver e ainda dirá que o valor é justo.


Sex and the City - O Filme
(Sex and the City, 2008)
Direção: Michael Patrick King
Roteiro: Michael Patrick King (Baseado na obra de Candace Bushnell e na série criada por Darren Starr)
Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, Candice Bergen e Jennifer Hudson

sexta-feira, junho 13, 2008

As melhores mortes de Sexta-Feira 13


Ok, eu confesso que cresci vendo filmes da infinita série trash Sexta-Feira 13. É um guilty pleasure, eu sei. Mas como hoje é aniversário de Jason Voorhees, o mais divertido entre os vários psicopatas dementes e imortais do cinema, resolvi homenageá-lo.

Para isso, tive o trabalho glorioso de selecionar as melhores cenas de cada um dos filmes da série. Bom, entenda isso como "as mortes mais legais". Se tiver paciência, estômago forte ou senso de humor, continue comigo.

Ainda aqui? Então, clique nos links abaixo.

Sexta-Feira 13 (1980)
Sem dúvida, a melhor parte é a morte de Kevin Bacon. A série costuma punir os pecados da juventude, como o sexo, por exemplo. Nesta cena, o jovem ator fumava um baseado, mas o que importa é o conselho da mãe de Jason. Sim! No primeiro filme, quem mata é a mamãe Voorhees. E não o menino da máscara de hóquei. Veja aqui.

Sexta-Feira 13: Parte II (1981)
Essa é uma das mais doentias da série: o pobre rapaz na cadeira de rodas recebe uma pequena ajuda de Jason para descer a escada. Veja aqui.

Sexta-Feira 13: Parte III (1982)

Enquanto a garota toma banho, o namorado parte em busca de uma cerveja para o casal. Ao invés de caminhar normalmente, o paspalho se exibe plantando bananeira. Jason não perdoa. Veja aqui.

Sexta-Feira 13: Parte IV - Capítulo Final (1984)
Não encontrei a cena da morte de George McFly (Crispin Glover), mas se você tiver paciência, ela está neste vídeo, aos 2:55, logo após a dança ridícula do cara. E óbvio que este não é o Capítulo Final de Sexta-Feira 13. Veja aqui.

Sexta-Feira 13: Parte V - Um Novo Começo (1985)

São várias mortes, mas preste mais atenção na cena que está em 1:22. Veja aqui.

Sexta-Feira 13: Parte VI - Jason Vive (1986)
Por não se levar a sério como os outros, esse é o filme mais "engraçado" da franquia. A imagem do vídeo está horrível, mas não perca Jason dobrando o xerife ao meio. Momento clássico. Veja aqui.

Sexta-Feira 13: Parte VII - A Matança Continua (1988)
O filme é uma espécie de Carrie, A Estranha Vs. Jason Voorhees. A cena é clássica. Jason arrasta uma garota dentro de um saco de dormir e arremessa tudinho numa árvore inocente. Hmm... a imagem é gravada de uma tela, mas veja aqui.


Sexta-Feira 13: Parte VIII - Jason Ataca em Nova York (1989)
Era o que faltava. Jason em Manhattan. Ok, mas repare no boxe interminável entre Jason e um jovem metido a pugilista. Sempre dou risada. Veja aqui.

Jason Vai Para o Inferno - A Última Sexta-Feira (1993)
Ele não vai para o inferno e nem é o último happy hour, mas o nome do filme é esse. Veja aqui a cena que abre o filme. Jason voa em pedacinhos, mas o coração dele ainda fará estragos. Parece cena de O Exterminador do Futuro, mas é Sexta-Feira 13 mesmo.

Jason X (2001)
Adiante a cena para 3:00. Ao menos, Jason é criativo. Veja aqui.

quinta-feira, junho 12, 2008

Dicas para entender a sua namorada


Ethan Hawke e Julie Delpy
em
Antes do Amanhecer
e
Antes do Pôr-do-Sol


Rachel McAdams e Ryan Gosling
em
Diário de uma Paixão


Patrick Swayze e Demi Moore
em
Ghost - Do Outro Lado da Vida



Leonardo DiCaprio e Kate Winslet
em
Titanic



Richard Gere e Julia Roberts
em
Uma Linda Mulher

Dicas para entender o seu namorado


Bruce Willis
em

Duro de Matar



Arnold Schwarzenegger
em
O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final


Mel Gibson e Danny Glover
em
Máquina Mortífera


Sylvester Stallone
em

Rambo II - A Missão


Sylvester Stallone e Dolph Lundgren
em
Rocky IV

De Niro, Pacino, sem palavras











quarta-feira, junho 11, 2008

Ouvindo Audrey Hepburn


Não sei dizer exatamente o número de vezes que eu vi a cena abaixo de Bonequinha de Luxo, um de meus filmes favoritos.

A câmera de Blake Edwards não pisca enquanto Audrey Hepburn brilha intensamente na janela. A reação de George Peppard é a mesma do público ao ver e ouvir Audrey tocando e cantando Moon River, a melhor música já feita para o cinema. Ela canta como se não houvesse amanhã.


Essa é uma homenagem do HOLLYWOODIANO aos românticos de plantão, que não se prendem somente ao dia 12 de junho. E Deus abençoe Audrey Hepburn.


Tocando o terror

A criançada talvez não conheça clássicos como Os Pássaros, O Dia em que a Terra Parou e Os Saltimbancos Trapalhões. Embora qualquer garoto de dois anos saiba o que é um DVD, Hollywood insiste em refilmar filmes queridos pelos cinéfilos que já vivem neste planeta há cerca de 100 anos.

Já toquei nessa tecla várias vezes, mas preciso retomar a questão. Li que Hollywood escalou Keira Knightley para interpretar Eliza Doolittle, personagem de Audrey Hepburn no musical My Fair Lady.

É isso o que você leu. Querem refilmar My Fair Lady, meus amigos. Se alguém desistir agora quando a coisa ainda está no papel, não se preocupe, porque isso acontecerá algum dia.

Está certo que My Fair Lady se baseia na peça Pygmalion, de George Bernard Shaw, ou seja, sua origem não é o cinema. Mas o filme de George Cukor arrebatou nada menos do que oito Oscars. É uma obra cinematográfica completa.

Será que a falta de criatividade fugiu do controle de Hollywood ou eu preciso me modernizar? Não engulo a desculpa que compara o cinema ao teatro, que encena textos famosos em diferentes montagens e épocas. A razão é uma só: fazer dinheiro.

A lista de futuras refilmagens, continuações ou "reinvenções" inclui Highlander, RoboCop, Fuga de Nova York e Piranha. Só espero que o cinema nacional não siga o jegue. Por favor, deixem Os Saltimbancos Trapalhões em paz.

terça-feira, junho 10, 2008

Desculpe-me, mas a fila anda

Não sei se todo mundo tem esse problema Brasil afora, mas em São Paulo, a coisa está feia. Não estou falando do trânsito, mas da organização das filas nos principais cinemas da cidade.

Como se não bastasse o preço dos ingressos (tem cinema que chega a cobrar 20 pilas), além dos comes e bebes dos multiplexes e o estacionamento pago, o cinéfilo ainda precisa gastar sua paciência para torcer pelo filme do coração em filas quilométricas. A média chega a duas horas de espera por sessão. Duas horas de pé! É mole?

Quando vi Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal pela primeira vez, escolhi uma das salas do Shopping Anália Franco, lugar bacana com gente bonita e bem vestida. Fazia um tempinho que eu não visitava aquele shopping, que nunca ficava lotado - nem mesmo na época de Natal ou na véspera do Dia dos Pais (ou das Mães). Ledo engano. São Paulo vai mesmo parar um dia. O estacionamento estava infestado de carros de todos os tipos, demorei para achar uma vaga e já desci do carro estressado. Sem falar na dor de barriga, que me acompanhava pela ansiedade da estréia de Indy.


Como ainda faltava pouco mais de duas horas para o início da minha sessão, resolvi dar uma volta pelo formigueiro de gente que dominava os corredores do shopping, mas dois ou três espertinhos desocupados começaram a guardar caixão na frente da entrada para a minha sala de Indy. Ao ignorar a ação da molecada, o sabichão aqui resolveu tomar um café por cinco minutinhos. Quando voltei para checar o desenvolvimento da fila, vi que ela se arrastava tortuosamente até o outro lado do saguão. Detalhe: cerca de duas horas antes do filme.

O shopping se defende ao dizer que a culpa é de dois ou três espertinhos que se aglomeram e formam a fila. Os demais chegam e entram na onda, pois não querem ficar para trás. Isso é São Paulo, uma competição angustiante e infinita até nas horas de lazer. Mas, então, por que os organizadores do cinema da UCI não varrem os bonitões da fila e pedem para que todos retornem na hora do filme?


E pensar que isso ainda acontece na era da internet, que permite que qualquer ser humano munido de cartão de crédito compre seu ingresso pela rede. Pior do que isso é saber que alguns cinemas da cidade já trabalham com o sistema de lugar marcado. Mas, infelizmente, ainda tem gente na idade da pedra como a UCI do Anália Franco. E tem bobo, como eu, que não aprende. Mas juro que não volto mais lá. Não até a UCI anunciar que trabalhará com lugares marcados.

Peço desculpas pelo mau humor, mas de vez em quando é bom reclamar. Ando revoltado com a organização dos cinemas em geral e a falta de educação dos reféns de celulares, que não agüentam dez minutos de filme sem checar o aparelho pra ver se tem alguma mensagem. É por isso que eu comprei um home theater. Agora, preciso juntar uma grana para adquirir uma TV gigantesca de LCD. Vai demorar, eu sei, mas chegarei lá. Talvez antes da extinção das filas nos cinemas.

segunda-feira, junho 09, 2008

Como vovó já dizia...

Todo mundo já está verde de saber, mas O Incrível Hulk estréia nesta sexta-feira nos cinemas. O filme produzido, escrito e protagonizado por Edward Norton e dirigido por Louis Leterrier, de Carga Explosiva, ignora a versão dramática de Ang Lee, lançada em 2003, para entregar o que os fãs do verdão (e da Marvel) queriam: Hulk esmagando! Pelo menos, a promessa é de mais ação e menos drama.

Na verdade, Norton e Leterrier ignoram os acontecimentos narrados pelo diretor de Brokeback Mountain e O Tigre e o Dragão, mas o novo filme traz uma pequena introdução ao personagem para não perder tempo com apresentações. Ou seja, o esquema não é exatamente um Hulk Begins como Christopher Nolan propôs para um certo Homem-Morcego. E nem se trata de um Hulk 2. Captou? Meio confuso, não?

Eu só tenho uma pergunta a fazer no meio disso tudo: Por que diabos deixaram Ang Lee assinar o Hulk de 2003 com uma visão muito pessoal se não era isso o que os fãs e a Marvel queriam? O novo filme pode até ser legal, mas nada me tira da cabeça que isso é uma falta de respeito com Ang Lee.

Goste ou não, a intenção da Marvel, que já assumiu a função de produtora de cinema, é unir seus universos a exemplo do que faz nos quadrinhos. E a proposta teve início em Homem de Ferro. Por muito tempo, correu um boato que Robert Downey Jr. e Ed Norton apareceriam juntos nos dois filmes. Mas Norton não está na montagem final de Homem de Ferro. Só se eu pisquei e perdi.

Também não sei se Downey Jr. faz uma ponta em O Incrível Hulk. Se isso não acontecer desta vez, rapaz, acontecerá em breve. Pode esperar. Mas será que essa idéia de ligar as aventuras funcionará tão bem no cinema como ocorre nos quadrinhos?

O "pé atrás" com O Incrível Hulk ainda envolve outra questão: sei que ainda tem fã reclamando do visual digital do gigante esmeralda. Não sei se é um problema, afinal se a história for boa, o espectador ficará preso nela e nem ligará para qualquer defeito especial. Ou será que você não consegue assistir a Tubarão, de Steven Spielberg, que fez um monstrengo mecânico atacando Roy Scheider, Robert Shaw e Richard Dreyfuss? Penso que se um filme é bom, o realismo dos efeitos visuais se torna secundário. Minha querida vovó, por exemplo, adorava o Lou Ferrigno pintado de verde na série de TV dos anos 1970. Para ela, garanto que nenhum efeito de computador seria capaz de superar a atuação do grande Ferrigno.

Descobriremos na sexta-feira se o novo Hulk de Ed Norton deu certo ou não. Ao menos, espero que os fãs gostem. Se for ruim, minha saudosa avó não terá esse desgosto.

sábado, junho 07, 2008

Anjos e Demônios em Roma


O diretor Ron Howard mal deixou seu novo trabalho finalizado (Frost/Nixon) e já correu para o set de Anjos e Demônios, em Roma. Com Tom Hanks de prontidão e toda a equipe a postos, as filmagens mobilizam uma das cidades mais belas do mundo.

Nas fotos, você pode ver Tom Hanks em ação como o Professor Robert Langdon de cabelo cortado e também dar uma breve olhadinha na atriz israelense Ayelet Zurer, de Munique, como Vittoria, e no ator italiano Pierfrancesco Favino.




Para quem ficou longe do planeta Terra nos últimos anos, Anjos e Demônios é um livro de Dan Brown com eventos anteriores a O Código Da Vinci. O que talvez você ainda não saiba é que Ron Howard situará a história do filme após os acontecimentos de O Código Da Vinci.


Em Anjos e Demônios, Robert Langdon (Tom Hanks) investiga mais um assassinato e tenta prevenir uma ameaça terrorista ao Vaticano envolvendo uma organização secreta conhecida como Illuminati.

Ewan McGregor também está no elenco. Ele será o personagem Carlo Ventresca, mas a Sony ainda não divulgou nenhuma imagem do ator nas filmagens.


O único problema até o momento é que Hanks machucou um de seus dedos durante uma cena. Mas está tudo bem com Robert Langdon. Anjos e Demônios tem estréia prometida para 15 de maio de 2009 e HOLLYWOODIANO acompanhará os principais detalhes da produção.

sexta-feira, junho 06, 2008

Os Cinco de Sidney Lumet


O diretor norte-americano Sidney Lumet está de volta aos cinemas do País. Em Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (leia crítica aqui), o cineasta prova que o talento jamais abandona os grandes artistas. Aos 83 anos, Lumet fez um de seus melhores trabalhos.


O HOLLYWOODIANO classificou Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto como o sexto melhor filme de Lumet. Abaixo, veja a lista do blog para as cinco maiores contribuições do diretor para o cinema.



1 - Doze Homens e uma Sentença (1957)

É o melhor filme que eu já vi sobre lei, ordem, justiça, moral, ética, etc. Se esses temas formam um gênero, Doze Homens e uma Sentença é o maioral. Henry Fonda lidera um júri (ou elenco) magnífico, que discute se um jovem é culpado ou inocente de uma acusação. Lumet fez um filme muito teatral, mas não esquece nem por um segundo que estamos falando é de cinema.



2 - Um Dia de Cão (1975)

É o melhor filme que eu já vi sobre assalto. Cassino, banco, não importa quem vai encher o bolso dos bandidos de grana, mas Um Dia de Cão é a referência. No caso, Lumet joga o espectador num assalto a banco frustrado para Al Pacino e John Cazale. Irmãos em O Poderoso Chefão I e II, os atores assumem outro laço afetivo em Um Dia de Cão - é bom eu não comentar para não estragar a surpresa, que só é revelada na metade do filme. Além disso, Lumet mostra que Um Dia de Cão é muito mais do que um longa sobre assalto a banco. Muitos pensam que o roubo precisa ser espetacular, mirabolante, perfeito para render um belo filme. Veja Um Dia de Cão e entenda o que quero dizer. A produção tocou em temas inesperados e polêmicos para os anos 1970, marcou uma geração inteira e impressiona até hoje.



3 - Serpico (1973)

O policial Frank Serpico (Al Pacino) paga o preço pela honestidade. Por ser correto, seus colegas de profissão querem a sua caveira. Hollywood já discutiu a corrupção na polícia norte-americana em vários filmes. Serpico é o melhor. Dois anos depois, Pacino voltaria a trabalhar com Lumet em Um Dia de Cão. Difícil escolher em qual dos dois papéis ele está melhor. Al Pacino é um monstro e eu acredito nele.



4 - Rede de Intrigas (1976)

Não queria ser repetitivo, mas o que posso fazer? Hollywood fez diversos filmes para criticar a televisão. Nos anos 1970, a TV ainda não ameaçava tanto o reinado do cinema, mas Lumet discutiu seus excessos como ninguém fez até hoje. Temos grandes filmes sobre os bastidores da TV, mas Rede de Intrigas é o melhor. Lumet carrega o filme com a força da palavra graças ao texto contundente de Paddy Chayefsky, e torna evidente a nossa culpa nos (vários) problemas da TV, que triplicaram nos dias de hoje. William Holden, Faye Dunaway, Robert Duvall, Ned Beatty e Peter Finch estão ensandecidos em seus papéis. É um dos maiores roteiros do cinema. O filme perdeu o Oscar para Rocky - Um Lutador, mas não tenho nada a declarar sobre isso.



5 - O Veredicto (1982)

Então, eu estou dizendo que Sidney Lumet fez filmes definitivos sobre diversos temas? É, acho que sim. O Veredicto é o melhor filme que eu já vi, cujo personagem principal é um advogado. Paul Newman perdeu o Oscar de Melhor Ator para Ben Kingsley, por Gandhi. Dustin Hoffman também concorreu no mesmo ano, por Tootsie. A concorrência foi pesada, mas acho que Paul Newman nunca foi tão bom em sua carreira quanto em O Veredicto. E ele é um ator fantástico. Só que Sidney Lumet sempre tirou o máximo de seu elenco. Com o grande Paul Newman não foi diferente.