terça-feira, janeiro 30, 2007

30 anos de Rocky Balboa

Antes da inesquecível Gonna Fly Now, do maestro Bill Conti, tocar nas salas de cinema, Sylvester Enzio Stallone ainda era um ator pouco conhecido e sem prestígio em Hollywood. Em 1971, Sly, como é conhecido entre os amigos, foi testado para um papel em O Poderoso Chefão (1972). Depois de ser recusado no clássico de Francis Ford Coppola, ele concentrou seus esforços em dois roteiros: Os Lordes de Flatbush (1974) e Rocky – Um Lutador (1976), que para seu autor é uma história sobre “orgulho, reputação e a luta de um homem para não ser mais um vagabundo na vizinhança”.

A idéia para Rocky surgiu quando o próprio Stallone assistiu a uma emocionante luta de Mohammed Ali contra um desconhecido Chuck Wepner. Todos pensaram que o confronto seria fácil, porém o grande Ali foi derrubado no nono round, mas ganhou por nocaute técnico. Talvez por isso as lutas na série cinematográfica sejam intermináveis. Com um roteiro elogiado e disputado nas mãos, Stallone vendeu os direitos para o cinema com uma condição: ele faria o papel principal. John G. Avilsen foi contratado para dirigir e o filme entrou para a história. Conquistou 10 indicações para o Oscar e recebeu as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Montagem. Stallone disputou as categorias de Melhor Ator e Melhor Roteiro Original. Rocky é considerado, até hoje, um dos filmes mais inspiradores do cinema.

Embora as quatro seqüências – Rocky II: A Revanche (1979), Rocky III: O Desafio Supremo (1982), Rocky IV (1985) e Rocky V (1990) – transformem o lutador em uma caricatura dele mesmo, a série rendeu fãs devotos ao redor do mundo e consagrou Stallone na indústria dos anos 80. Mas depois do sucesso da franquia (e dos três Rambo), o astro comemorou poucos projetos bem-sucedidos, como Risco Total (1993), e muitos fracassos, como D-Tox (2002). Sly chegou a se aventurar pela comédia, mas seu talento como ator nunca foi respeitado.

Com tantas mudanças no mundo e no cinema, o herói de ação foi obrigado a passar por uma reformulação. Ninguém engole mais a típica patriotada norte-americana em qualquer manifestação da arte, algo consolidado nos últimos anos graças ao governo de George W. Bush. O público já começava a rir de protagonistas musculosos e indestrutíveis no cinema ou na TV, o que levou Hollywood a apostar em heróis mais próximos do estereótipo do homem real. Agora, o mocinho tem que apanhar, suar e sangrar de verdade para convencer. É a época de perfis como Jason Bourne (Matt Damon) e Jack Bauer (Kiefer Sutherland). Até James Bond mudou na pele de Daniel Craig.

Não há mais espaço para os heróis do passado no cinema? Recentemente, Stallone tentou a sorte na TV ao produzir e apresentar, ao lado do lendário boxeador Sugar Ray Leonard, o reality show The Contender. O programa acompanha a luta de jovens por uma chance no boxe profissional. O esporte está mesmo no sangue de Sylvester Stallone, mas seu nome estava ligado ao cinema. Como dar a volta por cima nessa atual Hollywood?

A resposta veio com o roteiro e a direção de Rocky Balboa (2006), sexto e último filme da série que chega para comemorar 30 anos de um mito. Sly contou com integrantes do elenco original como Burt Young (o cunhado falastrão Paulie) e Tony Burton (o amigo Duke que gritava nos cantos do ringue para incentivar o lutador). Mas Talia Shire (Adrian, a esposa de Rocky) não participou do novo filme por causa de um problema pessoal. Claro que podem dizer que Stallone está mais preocupado em retornar pela porta da frente da indústria com esse filme, mas não é certo ignorar um astro que foi o herói de muita gente. Além disso, Rocky Balboa é um deleite nostálgico para os fãs, que respiram aliviados com a conclusão da série após o vergonhoso Rocky V (1990). Stallone está de volta e já prepara o retorno de outro herói que o consagrou. Trata-se de Rambo IV: Pearl of the Cobra, com estréia marcada para 2008, e com a provável presença do brasileiro Bruno Campos, da série Nip/Tuck, no elenco.

“Eu sabia que poderia passar por constrangimentos ao ouvir diversos tipos de piada. Até minha mulher tentou me impedir”, confessou Stallone. “As pessoas parecem considerar Rocky como um homem real. Não sei dizer quantos já me perguntaram sobre minha carreira como boxeador. É como se realmente quisessem acreditar na existência de Rocky. Eu estou impressionado com tudo isso. Depois de 30 anos, Rocky alcançou um patamar que eu jamais imaginei”. Acredite: ao ouvir os primeiros acordes de Gonna Fly Now, de Bill Conti, na abertura de Rocky Balboa, os fãs irão tremer.



Pré-venda: Coleção Rocky Antologia
Compare preços aqui!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Atores premiam "Pequena Miss Sunshine"

Como fica esse Oscar agora? Com o resultado de ontem do SAG Awards, o prêmio do Sindicato dos Atores, Pequena Miss Sunshine parte rumo ao Oscar de Melhor Filme. A grande maioria dos votantes da Academia é formada por atores e cabe, agora, ao restante discordar da escolha dessa classe.

A belíssima comédia de Jonathan Dayton e Valerie Faris ganhou o SAG de Melhor Elenco – um prêmio recebido por Crash no ano passado, que determinou a vitória do filme no Oscar sobre o favorito O Segredo de Brokeback Mountain. Os atores tendem a favorecer filmes que se apóiam na força do elenco e Pequena Miss Sunshine realmente tem um cast muito conciso, embora eu torça por Os Infiltrados (Sunshine é o segundo da minha lista). Infelizmente, pouca gente viu o filme no Brasil. Espero que retorne aos cinemas antes do Oscar, afinal Pequena Miss Sunshine corre na frente de Babel, Os Infiltrados, A Rainha e Cartas de Iwo Jima na cerimônia do próximo dia 25 de fevereiro. Quem viver, verá.

Ontem, o SAG não surpreendeu nas demais categorias e concordou com o Globo de Ouro: Forest Whitaker (Melhor Ator por O Último Rei da Escócia), Helen Mirren (Melhor Atriz por A Rainha), Eddie Murphy (Melhor Ator Coadjuvante por Dreamgirls) e Jennifer Hudson (Melhor Atriz Coadjuvante por Dreamgirls). Ainda tenho minhas dúvidas se Forest Whitaker, Eddie Murphy e Jennifer Hudson colocam suas mãos no Oscar. A ausência do badalado Dreamgirls nas categorias principais soou como aquele velho preconceito que afetou a história do prêmio por muitos anos. Uma bobagem que prejudicou grandes filmes como A Cor Púrpura, mas não tenho certeza se é bem isso.

Em TV, o ótimo elenco de The Office recebeu o prêmio das mãos da saudosa equipe de The Mary Tyler Moore Show. Grey’s Anatomy foi eleito Melhor Elenco (Drama), enquanto a fantástica Chandra Wilson ganhou como Melhor Atriz (Drama) pela mesma série. Hugh Laurie, de House, foi o Melhor Ator (Drama), America Ferrera, a Melhor Atriz (Comédia), por Ugly Betty, Alec Baldwin, o Melhor Ator (Comédia), por 30 Rock, enquanto Helen Mirren e Jeremy Irons foram premiados pelo filme feito para a TV, Elizabeth I. Em tempo: a homenagem de Anne Hathaway e Dick Van Dyke para Julie Andrews foi o melhor momento da noite. Será que alguém no mundo acha que ela não merece?

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Apocalypto

Mel Gibson pode ser uma figura polêmica na vida real, mas não há como negar sua energia como diretor. Atualmente, poucos são capazes de criar imagens tão poderosas na tela que falam por mil palavras - não importando a língua. Gibson pode não ser um ator extraordinário ou um profundo conhecedor de História (como alguns pensam), mas domina o ofício por trás das câmeras e age como se pudesse expressar toda a sua raiva. Ele pode até pregar sua visão de religião como ideologia, mas depois de Coração Valente (do qual gosto muito) e A Paixão de Cristo, o diretor faz outra loucura que, para o bem ou para o mal, não pode ser ignorada: Apocalypto (2006).

Muita gente pensa que vai ver um épico definitivo sobre a civilização dos maias, mas é bom saber que o filme é uma aventura quase a mil por hora para evitar uma decepção - há uma leve pisada no freio na metade para mostrar alguns sacrifícios (claro que Mel Gibson dá todos os detalhes disso), mas não se engane: Apocalypto não esconde ser um filme de ação. Parece ser grandioso, mas é bastante intimista. Lógico que Gibson continua selvagem e sua fixação pela violência, dentro de um contexto sagrado ou religioso, ainda choca. Talvez ele queira dizer alguma coisa para os tempos atuais - os excessos e a ganância dos povos pode levar qualquer civilização ao final, mas não dá para pensar muito no meio de tanta correria. É preciso um olhar mais atento, mas é intrigante como, aos poucos, Gibson faz seu herói notar como o mundo é perigoso e maior do que ele pensava. Porém, a ação predomina e é fantástica. Dito isso, você pode encarar Apocalypto e se divertir com suas cenas velozes e sangrentas, que narram a fuga de Jaguar Paw (Rudy Youngblood) e sua tentativa de salvar mulher e filho.

A produção é tecnicamente extraordinária e não será dessa vez que os detratores de Gibson testemunharão seu fracasso. Apocalypto pode não ser (nem de longe) um filme perfeito, mas é bem-sucedido naquilo que o cinema faz de melhor: levar o espectador para um mundo que só existe do lado de lá da tela.

Apocalypto (Apocalypto, 2006)
Direção: Mel Gibson
Elenco: Rudy Youngblood, Dalia Hernandez, Jonathan Brewer e Morris Birdyellowhead

Quem é favorito ao Oscar?

Helen Mirren é a única barbada desse ano! Ela vai ganhar a estatueta de Melhor Atriz por A Rainha. Alguém duvida? Fora Helen, ninguém mais está com o Oscar na mão. Até o favorito Forest Whitaker, como Melhor Ator por O Último Rei da Escócia, pode ser ameaçado por um prêmio sentimental ao grande Peter O'Toole, por Venus. Apesar de um Oscar honorário, o eterno Lawrence da Arábia jamais venceu nesta categoria.

Em Melhor Diretor, a indicação de Clint Eastwood, por Cartas de Iwo Jima, pode deixar Martin Scorsese, por Os Infiltrados, com a pulga atrás da orelha. Indicado pela sexta vez nesta categoria, Scorsese pode bater um recorde de derrotas. Ele empata com outros cinco cineastas indicados que nunca levaram o prêmio. Mas se perder, desta vez, ele será o diretor mais azarado da história do Oscar.

Entre os coadjuvantes, Eddie Murphy larga na frente entre os homens, mas a força de Pequena Miss Sunshine entre os votantes pode favorecer Alan Arkin. Djimon Hounson, por Diamante de Sangue, ainda é uma possibilidade. Já na ala feminina, o enfraquecimento de Dreamgirls pode ameaçar a vitória (antes certa) de Jennifer Hudson. Seria a hora de uma surpresa como Abigail Breslin?

Aliás, esse prestígio recente para Pequena Miss Sunshine é real. O filme ganhou o Producers Guild Awards, um dos principais termômetros para o Oscar, e tem tudo para levar o SAG (o prêmio do sindicato dos atores) de Melhor Elenco. Ano passado, O Segredo de Brokeback Mountain havia vencido os três grandes termômetros (Globo de Ouro, Producers Guild Awards e Critics' Choice) e chegou como favorito até perder o Oscar de Melhor Filme para Crash, vencedor do SAG de Melhor Elenco. Nesse ano, não há favoritos ao Oscar principal - Babel levou o Globo de Ouro (assim como Dreamgirls, mas o filme foi esquecido pela Academia), Pequena Miss Sunshine abocanhou o Producers Guild, enquanto Os Infiltrados ganhou o Critics' Choice. Portanto, neste domingo, a categoria Melhor Elenco do sindicato dos atores pode determinar o favorito ao Oscar. Uma hipótese que não pode ser descartada, afinal os atores representam a maioria entre os membros da Academia. Ainda assim, Pequena Miss Sunshine não teve seus diretores indicados. Desde Conduzindo Miss Daisy, de 1989, que uma produção não ganha o Oscar de Melhor Filme sem ter seu diretor concorrendo. Então, o que acontecerá no próximo dia 25 de fevereiro?

Falo mais sobre o Oscar depois. Estou atrasado para uma sessão de Apocalypto, de Mel Gibson. Já volto para falar sobre essa nova loucura do diretor de Coração Valente e A Paixão de Cristo.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Filhos da Esperança

Após fazer o melhor filme da série Harry Potter, o mexicano Alfonso Cuarón prova (para quem ainda não sabia) ser um grande diretor em Filhos da Esperança (Children of Men, 2006). Estou falando do ofício mesmo – alguém em plena forma por trás das câmeras com total controle narrativo e criativo ao deixar sua história ser contada, praticamente, com imagens.

Particularmente, ainda estou me perguntando como ele conseguiu filmar aqueles dois planos seqüência da perseguição ao carro e o tiroteio no final. Por quantas vezes ele filmou essas cenas? Na verdade, não são apenas dois momentos sem cortes. Filhos da Esperança abre com uma seqüência ininterrupta (até o título do filme surgir na tela) com Cuarón nos situando no “onde”, “quando” e “porquê”. O ex-ativista Theo (Clive Owen) entra em uma cafeteria como quem não quer nada, pega seu café e sai. Ao contrário do protagonista, todos dentro do estabelecimento acompanham a notícia da morte de Diego, a pessoa mais jovem da Terra. O ano é 2027 e as mulheres perderam a fertilidade. A vida no planeta está ameaçada, o caos impera e a única pessoa que dava esperança ao mundo acabou de ser assassinada. Sabemos disso tudo ali e Theo caminha pela calçada até ser surpreendido pela explosão da cafeteria. Isso está no livro de P.D. James ou Cuarón bebeu na fonte de Orson Welles e sua abertura para o clássico A Marca da Maldade? Ao menos, cinematograficamente, ele deve ser fã (como muitos) daquele plano seqüência que abre o filmaço do diretor de Cidadão Kane.

Outro ponto interessante é a composição de Theo. Clive Owen encarna um herói traumatizado e sem razão para viver. Há uma luz no fim do túnel para o protagonista (e a Humanidade), quando ele conhece Kee (Claire-Hope Ashitey), uma menina que se apresenta como a primeira grávida em quase duas décadas. Theo precisa protegê-la até encontrar os integrantes de um tal “Projeto Humano”, que garantiria segurança para a menina e o bebê.

Além da perfeição técnica (especialmente a fotografia de Emmanuel Lubezki), o filme provoca uma sensação visceral do pesadelo urbano visto na tela. É muito fácil aceitar essa visão do futuro de Filhos da Esperança. Sei que Cuarón já disse não encarar seu filme como uma ficção científica, mas há cenas (como o jantar entre Clive Owen e Danny Huston) que parecem saídas de um storyboard rejeitado de Laranja Mecânica. Acho que ele, ao menos, aprecia os filmes de Stanley Kubrick.

Filhos da Esperança é uma experiência rápida, brutal e emocionante. Como em seus trabalhos anteriores, Cuarón sabe como armar o tabuleiro e até conclui de forma direta e sem nunca enrolar o espectador. Mas sempre é um tanto seco em seus finais – fica um ligeiro incômodo quando o filme termina. Não sei ainda se isso é um problema, mas Filhos da Esperança fica registrado na memória mais como um filme feito por alguém que se preocupa com o futuro do cinema do que pelo poder de sua história. Uma impressão que pode desaparecer daqui a alguns anos ao rever e “triver” Filhos da Esperança.


Filhos da Esperança (Children of Men, 2006)
Direção: Alfonso Cuarón
Elenco: Clive Owen, Claire-Hope Ashitey, Michael Caine, Peter Mullan, Danny Huston e Julianne Moore

terça-feira, janeiro 23, 2007

A lista dos indicados ao Oscar

Depois de ter o coração estraçalhado por Clint Eastwood em A Conquista da Honra, eu me deparo com as indicações para o Oscar e vejo que esse filme excepcional não está na lista. Mas o velho Clint entrou assim mesmo com Cartas de Iwo Jima – que dizem ser ainda melhor.

Como era esperado, Dreamgirls – Em Busca de um Sonho lidera a lista com oito indicações, mas a surpresa é a sua ausência como Melhor Filme. Entre os indicados nesta categoria, o superestimado Babel lidera (sete), seguido por A Rainha (seis), Os Infiltrados (cinco), Pequena Miss Sunshine (quatro) e Cartas de Iwo Jima (quatro). Ainda acho que Babel não é favorito em categoria alguma e parece que Hollywood anda com vontade de reconhecer Pequena Miss Sunshine, que venceu o prêmio do sindicato dos produtores (Producers Guild Awards) nesta semana.

Ainda estou digerindo a lista - aguarde mais comentários sobre o Oscar neste blog. A cerimônia de entrega das estatuetas acontece no dia 25 de fevereiro. Ah! E Almodóvar e seu Volver estão fora da festa (só Penélope Cruz sobreviveu). Veja abaixo a lista completa dos indicados ao 79º Oscar.


Melhor Filme
Babel
Os Infiltrados
Cartas de Iwo Jima
Pequena Miss Sunshine
A Rainha

Melhor Diretor
Alejandro González Iñárritu (Babel)
Martin Scorsese (Os Infiltrados)
Clint Eastwood (Cartas de Iwo Jima)
Stephen Frears (A Rainha)
Paul Greengrass (Vôo United 93)


Melhor Roteiro Original
Babel
Cartas de Iwo Jima
Pequena Miss Sunshine
O Labirinto do Fauno
A Rainha


Melhor Roteiro Adaptado
Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América Filhos da Esperança
Os Infiltrados
Pecados Íntimos
Notes on a Scandal

Melhor Ator
Leonardo DiCaprio (Diamante de Sangue)
Ryan Gosling (Half Nelson)
Peter O’ Toole (Venus)
Will Smith (À Procura da Felicidade)
Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia)


Melhor Atriz
Penélope Cruz (Volver)
Judi Dench (Notes on a Scandal)
Meryl Streep (O Diabo Veste Prada)
Helen Mirren (A Rainha)
Kate Winslet (Pecados Íntimos)


Melhor Ator Coadjuvante
Alan Arkin (Pequena Miss Sunshine)
Jackie Earle Haley (Pecados Íntimos)
Eddie Murphy (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Djimon Hounson (Diamante de Sangue)
Mark Wahlberg (Os Infiltrados)


Melhor Atriz Coadjuvante
Adriana Barraza (Babel)
Cate Blanchett (Notes on a Scandal)
Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine)
Jennifer Hudson (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Rinko Kikuchi (Babel)


Melhor Filme Estrangeiro
The Lives of Others (Alemanha)
O Labirinto do Fauno (México)
After the Wedding (Dinamarca)
Water (Canadá)
Days of Gloria (Argélia)


Melhor Animação
Carros
Happy Feet – O Pingüim
A Casa Monstro


Melhor Trilha Sonora
Babel
O Labirinto do Fauno
O Segredo de Berlim
Notes on a Scandal
A Rainha


Melhor Canção
I Need to Wake Up (Uma Verdade Inconveniente)
Our Town (Carros)
Listen (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Love You I Do (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Patience (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)


Melhor Fotografia
O Labirinto do Fauno
O Ilusionista
Dália Negra
Filhos da Esperança
O Grande Truque


Melhor Montagem
Babel
Os Infiltrados
Vôo United 93
Filhos da Esperança
Diamante de Sangue


Melhor Direção de Arte
O Grande Truque
O Labirinto do Fauno
Piratas do Caribe – O Baú da Morte
O Bom Pastor
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho


Melhor Figurino
A Maldição da Flor Dourada
O Diabo Veste Prada
Maria Antonieta
A Rainha
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho


Melhor Maquiagem
Apocalypto
Click
O Labirinto do Fauno


Melhores Efeitos Visuais
Piratas do Caribe – O Baú da Morte
Poseidon
Superman – O Retorno


Melhor Mixagem de Som
Apocalypto
Diamante de Sangue
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho
A Conquista da Honra
Piratas do Caribe – O Baú da Morte


Melhor Edição de Som
Apocalypto
Diamante de Sangue
A Conquista da Honra
Cartas de Iwo Jima
Piratas do Caribe – O Baú da Morte


Melhor Documentário

Uma Verdade Inconveniente
Jesus Camp
Deliver Us From Evil
Iraq in Fragments
My Country, My Country


Melhor Documentário (Curta)
The Blood of Yingzhou District
Recycled Life
Rehearsing a Dream
Two Hands


Melhor Curta-Metragem
Binta y la Gran Idea
Éramos Poços
Helmer & Son
The Saviour
West Bank Story


Melhor Curta de Animação
The Danish Poet
Lifted
The Little Matchgirl
Maestro
No Time for Nuts

domingo, janeiro 21, 2007

Hollywoodiano Awards 2006





















quinta-feira, janeiro 18, 2007

Babel

A teoria do caos explica: o diretor Alejandro González Iñárritu filma Babel em diversas partes do mundo e, por causa disso, eu tenho uma profunda dor de cabeça aqui em São Paulo. Um ato pode gerar outro e assim vai...

Quando o badalado novo filme de Iñárritu começa, somos situados nas areias do Marrocos, onde um homem bate à porta de um humilde pastor para vender um rifle. Suas cabras são constantemente atacadas por chacais e ele não tem dúvida em comprar a arma. Seus dois filhos serão os encarregados em não deixar animal algum se aproximar. Para espantar o tédio, eles testam a potência do rifle e acertam, acidentalmente, um ônibus cheio de turistas. O tiro fere Susan (Cate Blanchett) e seu marido, Richard (Brad Pitt), se desespera ao tentar conseguir cuidados médicos nessa terra de ninguém.

O ponto de partida de Babel move outras duas histórias: Richard liga para sua casa nos EUA e pede para a babá Amelia (a excelente Adriana Barraza), não ir ao casamento de seu filho no México devido ao incidente no Marrocos. Mesmo assim, Amelia decide cruzar a fronteira na companhia de seu sobrinho, Santiago (Gael García Bernal), e carrega os filhos de Susan e Richard. Enquanto isso, no Japão, a ninfeta surda-muda Chieko (Rinko Kikuchi) não se dá bem com o pai devido ao suicídio da mãe. Para afogar as mágoas, ela acha que precisa se entregar aos braços do primeiro homem que ver pela frente.

É claro que Inárritu e o roteirista Guillermo Arriaga aproveitam essa alusão bíblica sobre a falta de comunicação para justificar a ambiciosa estrutura narrativa também usada nos ótimos trabalhos anteriores da dupla, Amores Brutos e 21 Gramas. Só que a idéia é demasiadamente pretensiosa e, por volta de meia hora de filme, a fragilidade dramática do roteiro é notada. Desta vez, a forma utilizada para unir histórias e personagens diferentes a partir de um acontecimento trágico soa artificial e não convence. São muitas tramas envolvidas, que sozinhas poderiam render um bom filme. Iñárritu exagera ao abordar a parte situada no Japão - um simples detalhe mencionado no final faz o elo com as outras histórias. Precisava acompanhar a japonesa sem calcinha? Em um momento, ela faz a cruzada de pernas de Sharon Stone, em Instinto Selvagem, parecer a coisa mais recatada desse mundo.

Iñárritu propõe uma sedução visual – uma mixagem de sons e imagens – com cenários horrendos do México e as loucuras da japonesinha em uma danceteria (o momento mais cool do filme). Mas a desculpa do cineasta é insinuar que tudo isso está lá para discutir migração clandestina, venda discriminada de armas e a falta de comunicação entre as pessoas. O grande problema do filme é essa armadilha. Iñárritu e Arriaga armam esse tabuleiro e sugerem a idéia, mas a conclusão cede ao esquemão hollywoodiano que tanto agrada à Academia. Basta dizer que só há esperança para os povos que interessam ao atual cenário mundial. Ou por que você acha que os americanos estão gostando de Babel?

Outro problema de Babel é o medo do diretor em cair na pieguice. Isso destrói o lado emocional do filme. Explico: quando cada história começa a atingir seu ápice dramático, o diretor corta para outra situação onde nada de emocionante acontece - Iñárritu atrapalha as boas atuações do elenco ao mostrar que está no controle. Ele prefere se concentrar em cenas que incluem Cate Blanchett urinando em Brad Pitt, crianças marroquinas se masturbando, galinhas decepadas no México e a tal japonesa peladona.

Em Babel, Iñárritu adverte: nunca entregue uma arma para um marroquino e jamais (em hipótese alguma) deixe seus filhos com uma babá mexicana. Você nunca sabe o que poderá acontecer.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

"Cinema, Aspirinas e Urubus" fora do Oscar

Cinema, Aspirinas e Urubus está fora da disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A Academia divulga os indicados na próxima terça-feira, mas selecionou nove países, que disputam cinco vagas. O festejado filme de Marcelo Gomes bem que poderia estar ali, embora eu prefira O Labirinto do Fauno, produção mexicana de Guillermo Del Toro. O que eu posso dizer?

Veja a lista abaixo:

México: O Labirinto do Fauno, Guillermo del Toro
Espanha: Volver, Pedro Almodóvar
Canadá: Water, Deepa Mehta
Argélia: Days of Glory, Rachid Bouchareb
Dinamarca: After the Wedding, Susanne Bier
França: Avenue Montaigne, Daniele Thompson
Alemanha: The Lives of Others, Florian Henckel von Donnersmarck
Holanda: Black Book, Paul Verhoeven
Suíça: Vitus, Fredi M. Murer

terça-feira, janeiro 16, 2007

Globo de Ouro aponta para uma nova era

Em uma festa muito chata para quem estava na frente da TV, entre discursos intermináveis e uma correria desagradável nas últimas premiações, a 64ª edição do Globo de Ouro agiu como uma mãe ao dividir estatuetas para quase todo mundo.

Mais do que uma consagração latina (com a série cômica Ugly Betty e outro filme que mencionarei abaixo), a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood deu um basta em qualquer movimento preconceituoso contra a classe negra da indústria. Sei que Jamie Foxx e Denzel Washington receberam prêmios ultimamente, mas as vitórias absolutas de Jennifer Hudson e Eddie Murphy como coadjuvantes e do próprio Dreamgirls – Em Busca de um Sonho podem representar o fim de uma era que marcou Hollywood de forma negativa. Uma época que impediu as premiações de belos filmes como A Cor Púrpura e atores como Forest Whitaker, que já merecia algo desde Bird, de Clint Eastwood. Ontem, Whitaker foi o Melhor Ator (Drama) por O Último Rei da Escócia. Sua reação ao tocar a estatueta foi um momento cativante para aqueles que reconheceram ali alguém realmente apaixonado pelo que faz.

Os resultados foram até previsíveis: a Dama Helen Mirren reinou absoluta e segue imbatível para o Oscar. Ela ganhou ontem pelo extraordinário trabalho ao unir duas gerações em Elizabeth I e A Rainha. Meryl Streep era barbada como Melhor Atriz (Comédia/Musical), assim como Martin Scorsese como Melhor Diretor, por Os Infiltrados, embora a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood já tivesse premiado o mestre em outra ocasião. De qualquer forma, merecidíssimo. O momento mais engraçado da noite aconteceu com o discurso de Sacha Baron Cohen, que levou a estatueta de Melhor Ator (Comédia/Musical), por Borat. Um dos pontos positivos da noite foi o prêmio ao excepcional roteiro de Peter Morgan para A Rainha. Mas se alguns nomes saíram fortes para o Oscar, eles são: Dreamgirls, Martin Scorsese, Helen Mirren e Forest Whitaker.

Em TV, Grey’s Anatomy passou a perna em 24 Horas como a Melhor Série (Drama). São dois shows sensacionais. Jack Bauer levou o Emmy, e Grey, o Globo de Ouro. Tudo em casa. Hugh Laurie, por seu ótimo trabalho em House, ganhou pelo segundo ano consecutivo como Melhor Ator (Série Dramática). Nada injusto. O que nos leva de volta ao cinema e à premiação de Babel. Lá no fim da festa, Arnold Schwarzenegger anunciou, com muita dificuldade na pronúncia, o longa de Alejandro González Iñárritu como Melhor Filme (Drama). Pareceu algo forçado ver Babel ganhar sem levar nenhuma outra estatueta. Soou como um prêmio mais pela simpatia da Associação de Imprensa Estrangeira à “causa” do diretor em pregar um mundo mais unido pela comunicação do que uma celebração do bom cinema. Mas Babel é assunto para um próximo post.

Abaixo, a lista completa dos vencedores do Globo de Ouro:

Melhor Filme (Drama)
Babel

Melhor Filme (Comédia ou Musical)
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho

Melhor Diretor
Martin Scorsese (Os Infiltrados)

Melhor Roteiro
A Rainha

Melhor Ator (Drama)
Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia)

Melhor Atriz (Drama)
Helen Mirren (A Rainha)

Melhor Ator (Comédia ou Musical)
Sacha Baron Cohen (Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América)

Melhor Atriz (Comédia ou Musical)
Meryl Streep (O Diabo Veste Prada)

Melhor Ator Coadjuvante
Eddie Murphy (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)

Melhor Atriz Coadjuvante
Jennifer Hudson (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)

Melhor Filme Estrangeiro
Cartas de Iwo Jima (EUA/Japão)

Melhor Animação
Carros

Melhor Trilha Sonora
The Painted Veil

Melhor Canção
The Song of the Heart (Happy Feet – O Pingüim)

Melhor Série de TV (Drama)
Grey’s Anatomy

Melhor Série de TV (Comédia)
Ugly Betty

Melhor Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Elizabeth I

Melhor Ator em Série de TV (Drama)
Hugh Laurie (House)

Melhor Atriz em Série de TV (Drama)
Kyra Sedgwick (The Closer)

Melhor Ator em Série de TV (Comédia)
Alec Baldwin (30 Rock)

Melhor Atriz em Série de TV (Comédia)
America Ferrera (Ugly Betty)

Melhor Ator em Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Bill Nighy (Gideon’s Daughter)

Melhor Atriz em Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Helen Mirren (Elizabeth I)

Melhor Ator Coadjuvante em Série de TV, Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Jeremy Irons (Elizabeth I)

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de TV, Minissérie ou Filme Feito Para a TV
Emily Blunt (Gideon’s Daughter)

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Ben Affleck fala sobre sua indicação ao Globo de Ouro

Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original por Gênio Indomável, junto com Matt Damon, em 1997, Ben Affleck nunca alcançou o mesmo reconhecimento como ator. Mas a sorte dele parece estar mudando com sua atuação em Hollywoodland – Bastidores da Fama. O papel de George Reeves rendeu ao habitual canastrão o prêmio de Melhor Ator no Festival de Veneza e uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, o que surpreendeu muita gente.

De uma sala de edição em Los Angeles, o ator conversou com HOLLYWOODIANO – e mais cerca de 30 pessoas – em um chat do The Envelope.com, na última sexta-feira. Entre perguntas sobre como estava sua esposa (a belíssima atriz Jennifer Garner) e se a filha do casal já estava andando ou falando “papai”, Affleck comentou a expectativa para a premiação de hoje, além da recente experiência na direção e projetos para o futuro.

Segundo o ator, o reconhecimento em Veneza e no Globo de Ouro foram gratas surpresas. Mas ele não espera ganhar a estatueta logo mais. “Pretendo ficar sentado lá ouvindo os discursos dos premiados”, disse. Ele não arriscou palpites, mas se disse muito impressionado com os outros indicados ao Globo de Ouro. “Gostei muito de Dreamgirls”, comentou.

Affleck está mais otimista com relação aos benefícios que a indicação pode trazer à sua carreira: “Espero que isso me leve a fazer mais papéis interessantes e incomuns. Eu adoraria interpretar um personagem gay. Acho que seria muito difícil fazer de forma convincente”, brincou o ator.

Mas Affleck parece cauteloso com relação a prêmios. “Acho premiações complicadas porque a arte é, em sua natureza, subjetiva. Meus favoritos podem não ser os seus. Os prêmios são um grande elogio, mas focar muito na aprovação externa não é muito saudável. Acho que respeito e aprovação são duas coisas diferentes. Aprovação é uma necessidade compulsiva de ser admirado ou bajulado, o que eu acho muito ruim”. O blog concorda neste ponto com o Sr. Affleck.

Recentemente, ele andou se aventurando na direção, com Gone, Baby, Gone, em fase de pós-produção, e que deve ser lançado ainda este ano. “Espero que o filme seja bem recebido o bastante para que eu seja contratado para direção novamente. Eu adoro dirigir”. Questionado sobre o que é mais difícil, atuar ou dirigir, ele disse que os dois são difíceis, mas “dirigir demora mais, é uma responsabilidade maior”. Para ele, a maior parte do trabalho é feita no roteiro. “Não se pode tirar leite de pedra, como dizem. E muito da integridade em qualquer performance vem da imaginação do roteirista”.

Sobre os colegas que admira e com quem gostaria de trabalhar, o ator citou Sean Penn e Edward Norton, além do diretor Roger Michell, com quem já trabalhou em Fora de Controle. Também teceu elogios ao amigo Matt Damon e a Joe Carnahan, diretor de seu novo filme, Smokin' Aces. “Ele é brilhante”, comentou. Quanto às atrizes, Affleck disse ter tido muita sorte em trabalhar com grandes estrelas, como Charlize Theron, Uma Thurman, Gwyneth Paltrow, Sandra Bullock e Diane Lane.

Agora é esperar o anúncio dos vencedores hoje à noite. Mas ganhando ou não, a indicação ao Globo de Ouro já contribuiu para que Ben Affleck seja levado um pouco mais a sério: “É muito melhor falar de trabalho do que sobre essas coisas de tablóides”. Em tempo, o blog pode não ser fã de Ben Affleck, mas vai torcer por ele no Globo de Ouro depois dessa conversa.

sábado, janeiro 13, 2007

Mais Estranho que a Ficção

Muito difícil escrever sobre Mais Estranho que a Ficção, filme de Zach Helm. Não. Deixe-me recomeçar. Muito difícil escrever sobre o novo filme de Marc Forster, de Em Busca da Terra do Nunca, sem entregar partes do roteiro de... Zach Helm. A verdade é que a premissa original - nem tanto, afinal, lembra O Mundo de Sofia - se perde na pretensão de Helm, que tem o roteiro filmado sem intervenção ou qualquer envolvimento emocional por parte de quem realmente deveria mandar: o diretor.

Se o filme fosse resultado de uma adaptação literária, eu diria aqui que se trata de uma "xerox" do livro. Forster confia demais no roteiro do novo "gênio" de Hollywood e entrega uma produção fria e muito arrastada até o final edificante.

Em Mais Estranho que a Ficção, Will Ferrell (em grande momento) é Harold Crick, um homem solitário que parece não ter encontrado seu papel no mundo. Para compensar tudo isso, Crick desenvolveu um método calculista que controla o seu patético dia-a-dia - desde quando levanta da cama até a hora de dormir. Crick pensa ser dono do próprio destino. Isso muda no momento em que passa a ouvir a voz de uma mulher em sua mente, que narra cada um de seus passos e pensamentos. Ele estaria louco se essa mulher não fosse a autora Kay Eiffel (Emma Thompson - magnífica), que escreve seu novo livro cujo protagonista é... Harold Crick. Como em toda sua obra, ela decide matar o herói da história no final. Sabendo que vai morrer, Crick terá como impedir seu destino cruel?

Mas o que parece uma grande sacada do roteirista acaba soando como um artifício, um truque. Todos os passos de Harold Crick são explicados pela narradora, o que irritaria se isso não estivesse inserido no contexto do filme. E toda a primeira metade é tratada com uma frieza incomum. Mas é claro: Kay é uma mulher deprimida que compensa essa dor matando seus protagonistas nos livros. Ela não está nem aí para Harold Crick e, por causa disso, o filme não envolve. A platéia acaba não se importando também se ele irá morrer ou não. O problema é que todo grande filme deixa o espectador envolvido com personagens e história em, pelo menos, 15 minutos de projeção. Isso não acontece em Mais Estranho que a Ficção - algo que funcionaria se a obra fosse um livro. Quem poderia colaborar nesse aspecto era o diretor, mas ele simplesmente olhou a banda passar. É uma pena, já que o texto é bom e poderia gerar um filmaço se houvesse um cineasta de verdade à frente do projeto (e pensando exclusivamente em cinema). Um filme sai da colaboração de toda a equipe - cinema não pode se apoiar somente naquele bom ator com uma bela interpretação ou um roteiro criativo.

Voltando ao truque de Zach Helm: o personagem de Dustin Hoffman acha que Harold Crick deve morrer, afinal o novo livro de Kay é uma obra-prima irretocável. Mas perto do final, a autora conhece Harold Crick em pessoa e começa a se importar com ele. Sua obra-prima fica comprometida. É hora de mudar o final e torná-lo moralista pois, como sabemos, a vida é mais cruel do que a arte. O filme ganha em ânimo e passamos a torcer para que Harold Crick mude o seu destino. Realmente nos importamos. Esperto esse Zach Helm. Por que fazer uma obra-prima se um final moralista deixa o público satisfeito? Não é essa a idéia de Hollywood? Talvez por isso estejam exaltando o trabalho de Helm. Enfim, a indústria encontrou uma voz contra seus detratores.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Uma Noite no Museu

Uma Noite no Museu não vai emocionar aqueles que procuram bons filmes infanto-juvenis (ou feitos para a criança dentro de você) à moda antiga como Os Goonies, Viagem ao Mundo dos Sonhos ou até Querida, Encolhi as Crianças.

O adulto que sobreviver às gracinhas iniciais de Ben Stiller tem boas chances de se divertir quase que da aparição do T-Rex à última cena. A criançada vai adorar.

Sinceramente, nem dá para esperar muito de um filme do diretor Shawn Levy, que cometeu Doze é Demais e a nova versão de A Pantera Cor-de-Rosa. O ponto positivo dessa aventura é não ter grandes pretensões (como os filmes citados acima), mas falta paixão pela fantasia entre os envolvidos na produção. Por exemplo, Uma Noite no Museu lembra um pouco Os Caça-Fantasmas em uma aventura que propõe a reunião de consagrados comediantes. Mas no filme de 1984, o diretor Ivan Reitman sabia como administrar esses egos e concentrá-los na trama comprometida com a fantasia. Em Uma Noite no Museu, Shawn Levy deixa seus comediantes serem mais importantes do que a trama. Não é um filme feito por um diretor que ama a fantasia, mas por um operário de um grande estúdio.

Ainda assim é um alívio constatar que Uma Noite no Museu não traz piadas de mau gosto. Há uma certa inocência das produções da década de 80 em cada frame. Talvez seja uma cortesia de Chris Columbus, que assina como produtor. Aliás, ele jamais deveria sentar na cadeira de diretor. Seus melhores momentos envolvem a autoria dos roteiros de Gremlins e Os Goonies. Mesmo com tantos efeitos visuais, Uma Noite no Museu cairia no esquecimento sem essa leveza ou inocência no humor e na aventura.

O filme consegue oferecer um delírio nostálgico nas presenças dos veteranos Dick Van Dyke, Mickey Rooney e Bill Cobbs. Particularmente, ver Dick Van Dyke em cena representou uma imensa alegria. Ele é o cara de Mary Poppins, gente! O elenco “mais jovem” atrapalha um pouco. Tanto Ben Stiller quanto Owen Wilson ainda precisam aprender muito com Robin Williams e o genial Ricky Gervais.

A tentativa de recuperar a atmosfera dessas fantasias dos anos 80 é evidente e louvável. Mas ainda não foi dessa vez. De qualquer forma, Uma Noite no Museu consegue ter um momento engraçadíssimo: preste atenção na cena do pneu esvaziando. Quase morri de rir no cinema. Não fui o único. Talvez seja a única cena engraçada do filme que não aproveita o “talento cômico” dos atores, mesmo envolvendo Owen Wilson. Você vai entender.

Roteiristas amam Borat

O comediante Sacha Baron Cohen tomou conta dos EUA com o sucesso Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América.

Muitos dizem ser o filme mais engraçado da história, mas a surpresa é a aceitação dos americanos. Cohen pega pesado na crítica ao país e, principalmente, ao governo de George W. Bush.

O mais incrível aconteceu hoje na classe de roteiristas de Hollywood. O sindicato indicou a comédia na categoria Melhor Roteiro Adaptado do Writers Guild Awards. A premiação será no dia 11 de fevereiro. Veja a lista abaixo:

Melhor Roteiro Original - Cinema

Babel
Guillermo Arriaga

Pequena Miss Sunshine
Michael Arndt

A Rainha
Peter Morgan

Mais Estranho que a Ficção
Zach Helm

Vôo United 93
Paul Greengrass

Melhor Roteiro Adaptado - Cinema

Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América
Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Peter Baynham e Dan Mazer

Os Infiltrados
William Monaham

O Diabo Veste Prada
Aline Brosh McKenna

Pecados Íntimos
Todd Field e Tom Perrotta

Obrigado Por Fumar
Jason Reitman

Melhor Roteiro - Série de TV (Drama)

24 Horas
Deadwood
Grey's Anatomy
Lost
Família Soprano

Melhor Roteiro - Série de TV (Comédia)

30 Rock
Arrested Development
Curb Your Enthusiasm
Entourage

The Office

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Grande Carlo Ponti

Confesso que ainda preciso conhecer bastante o trabalho do produtor italiano Carlo Ponti, que faleceu hoje. Embora alguns considerem o casamento com Sophia Loren como seu maior feito, eu gostaria de citar rapidamente dois filmes que ele produziu: A Estrada da Vida, de Fellini, e Doutor Jivago, de David Lean.

O primeiro encanta pela simplicidade de um Fellini ainda contido, mas grandioso em suas emoções. O sorriso de Giulietta Masina é uma imagem que fica. É o ponto de equilíbrio perfeito para o carrancudo personagem de Anthony Quinn, que deixa seu choro na última cena entrar para a história. Sublime.

Doutor Jivago é um David Lean menor (por mais estranho que isso pareça), mas ainda belíssimo. É um épico como só ele sabia fazer. A grandiosidade está mais na cabeça de seus personagens do que naquilo tudo que as lentes das câmeras do diretor conseguiram registrar. Mas o filme tem uma das personagens mais lindas que eu já vi: a Lara, de Julie Christie. A música de Maurice Jarre é hipnotizante. O que é o cinema sem o Tema de Lara? Acho que essa imensidão de dúvidas e paixões na mente e no coração dos personagens liga A Estrada da Vida e Doutor Jivago. Grande Carlo Ponti.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Sindicato dos diretores

Um curioso caso de indicação para dois diretores por um mesmo filme ocorreu na lista do Directors Guild Awards (DGA) deste ano. Jonathan Dayton e Valerie Faris concorrem por Pequena Miss Sunshine. É a primeira vez que isso acontece em 45 anos – desde que Jerome Robbins e Robert Wise ganharam por Amor Sublime Amor (1961).

Os indicados pelo sindicato dos diretores deste ano batem com os mesmos filmes da lista do sindicato dos produtores, que escolheram Dreamgirls – Em Busca de um Sonho, Pequena Miss Sunshine, A Rainha, Babel e Os Infiltrados. Só para lembrar, os vencedores do DGA geralmente coincidem com o Oscar de Melhor Diretor. Em apenas seis vezes, a Academia discordou do DGA. Neste ano, Martin Scorsese recebeu sua sétima indicação. Ele nunca ganhou. O vencedor será anunciado no dia 3 de fevereiro. Veja os indicados abaixo (e nada de Clint Eastwood):

Bill Condon

(Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)

Jonathan Dayton e Valerie Faris
(Pequena Miss Sunshine)

Stephen Frears
(A Rainha)

Alejandro González Iñárritu
(Babel)

Martin Scorsese
(Os Infiltrados)

Quinta-feira sai a lista do sindicato dos roteiristas. Fique ligado no blog.

domingo, janeiro 07, 2007

Diamante de Sangue

"Isto é África" é o bordão criado por Danny Archer, o mercenário intrepretado por Leonardo DiCaprio em Diamante de Sangue. Ironia ou conformismo? O novo filme do diretor Edward Zwick, de O Último Samurai e Tempo de Glória, vem na carona da tendência de parte da classe hollywoodiana em tentar denunciar atrocidades cometidas contra o povo africano. O menor dos problemas do filme é ser inferior aos recentes Hotel Ruanda, de Terry George, e O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles.

Na verdade, Zwick pega a violência e a crueldade de Hotel Ruanda (que convence na tentativa de deixar o público com vergonha da nossa ignorância e descaso) e a denúncia direta de O Jardineiro Fiel. Ao tentar oferecer algo único, Zwick empresta um pouco de ação a Diamante de Sangue para deixá-lo mais... digerível para o grande público. Essa falta de personalidade incomoda e tudo fica muito confuso. Voltando ao bordão "Isto é África", o personagem de DiCaprio parece querer dizer que é da natureza do continente conviver com a selvageria e a pobreza. Acho que funciona mais como ironia, afinal uma cena mostra um nativo desabafar: "Tomara que não encontrem petróleo por aqui". Será que assim os americanos voltariam seus olhos para a África? A intenção até que é boa, afinal trata-se de uma denúncia muito grave contra a
indústria de jóias, que compra diamantes vindos de áreas de combates. Parte do dinheiro ainda é desviada para financiar a guerra. Não é só isso: tem as crianças-soldados também - é realmente um mundo podre e não fazemos nada para mudar.

Mas como estamos falando aqui de cinema, Zwick deveria confiar mais no público. Não dá para pedir muito dele, afinal seu único grande filme é Tempo de Glória. Não concorda? O que é aquele Lendas da Paixão? E já comparou O Último Samurai a Dança com Lobos? É bom, mas assim o filme com Tom Cruise perde um pouco de força, não? O diretor tenta sempre remar na maré de outros colegas. Em Diamante de Sangue, Zwick deveria acusar diretamente como Fernando Meirelles ou entregar um filme de ação com a denúncia como pano de fundo. Ele não deixa nem mesmo o público concluir no final e deixa uma mensagem para alertar o consumidor de diamantes antes dos créditos. Zwick conseguiu: eu não compro mais diamantes. Não mesmo.

Só que cinema é mais do que esse compromisso com a realidade e a principal contribuição de Diamante de Sangue para a sétima arte é a excepcional atuação de Leonardo DiCaprio. Esse sim está isento de qualquer crítica. Seu Danny Archer é uma composição complexa e interessante o que só reforça meus elogios ao jovem ator. Desde Gilbert Grape, passando por Titanic aos filmes de Martin Scorsese, DiCaprio nunca precisou "ficar feio" como Brad Pitt, em Os Doze Macacos, ou Charlize Theron, em Monster. Nada contra, afinal eles são atores, mas DiCaprio se entrega de corpo e alma ao papel e nunca associou sua imagem como astro à criação de seus personagens. Djimon Hounson também é ótimo, mas seu papel ajuda. DiCaprio poderia muito bem ligar no automático, sorrir o tempo inteiro para a câmera e aproveitar a bela fotografia do filme, mas não é o que ele faz. Não foi à toa que Robert De Niro o apresentou a Martin Scorsese. Quase me convenceu de que Diamante de Sangue é melhor do que aparenta.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Os Intocáveis



Não é surpresa para ninguém que não sou grande fã do Brian De Palma. Acho que ele filma para exercitar movimentos de câmera baseados em influências de ídolos como Alfred Hitchcock. Mas sua filmografia não pode ser desmerecida. É inegável o fato de que De Palma renovou o suspense. Mas ao contrário da maioria, acho que ele contou bons (e ótimos) policiais. Neste gênero, existiram poucos como Brian De Palma.

Por exemplo, O Pagamento Final depende muito de Al Pacino, mas é um belo trabalho do diretor como contador de histórias - sem abandonar seu fascínio pela câmera ousada e com um olho atento para os detalhes. Outro exemplo é Scarface. É bom, mas parece que ficou datado. É totalmente anos 80 e é complicado assisti-lo hoje sem dar algumas risadas. De qualquer forma, seu final é grande e abalou aqueles que buscam uma redenção pura e divina para os protagonistas hollywoodianos. Recentemente, achei que De Palma se daria bem em Dália Negra, mas é o pior filme de sua carreira dentro daquilo que se espera dele, afinal não vale citar Missão Marte.

Mesmo sendo irregular, quero reconhecer a importância de Brian De Palma para o cinema, pelo menos, com um único filme: Os Intocáveis (The Untouchables, 1987). De Palma foi escolhido pela Paramount para dirigir o roteiro elegante e oportuno de David Mamet, que ignorou a série de TV homônima e pensou somente no formato de cinema. As escolhas de De Palma foram todas brilhantes, da composição das cenas à escolha de cada um dos atores (onde surpreendentemente errou feio em Dália Negra). Ele bateu o pé para Robert De Niro viver Al Capone (o estúdio queria Bob Hoskins, que era mais barato) e ainda pôde exercitar todos os seus recursos visuais para gerar suspense.

Mas aqui tudo deu certo – desde a câmera em primeira pessoa antes de uma cena reveladora até a maravilhosa seqüência da estação de trem. Inspirada em O Encouraçado Potenkim, talvez a cena represente o tiroteio mais célebre do cinema (se bem que tem aquele final do Meu Ódio Será Sua Herança, do Sam Peckinpah), ou certamente o mais belo.

De Palma faz cinema para citar seus mestres. Os Intocáveis tem até um momento John Ford quando Eliot Ness (Kevin Costner), Jimmy Malone (Sean Connery), Oscar Wallace (Charles Martin Smith) e George Stone (Andy Garcia) cavalgam para interceptar um carregamento de Al Capone na fronteira com o Canadá. Ali, De Palma abusa dos planos americanos em cenas internas e, claro, a panorâmica nas cenas externas, marcas registradas do grande Ford.

O Eliot Ness de Kevin Costner é um mocinho de Hollywood. Incorruptível, ele cairia como uma luva para James Stewart em outra época. Sean Connery está perfeito como o policial veterano e amargo com a lei que não funciona e se rende aos domínios do crime. Em Os Intocáveis, o religioso Malone (Connery) entregou Chicago nas mãos de Deus e aproveita seus dias em rondas noturnas pelas ruas. Um trabalho nada estressante, mas distante daquilo que ele não pode mudar sozinho. Ao conhecer Ness, Malone ganha uma injeção de ânimo. Sem saber onde encontrar uma equipe honesta, Ness quer prender Al Capone. Como se isso fosse fácil. Malone explica o caminho ao aprendiz com uma das falas mais brilhantes do cinema: "You wanna know how to get Capone? They pull a knife, you pull a gun. He sends one of yours to the hospital, you send one of his to the morgue. That's the Chicago way! And that's how you get Capone. Now do you want to do that? Are you ready to do that? I'm offering you a deal. Do you want this deal?"

Nesta fala está um ponto importante pouco citado nas resenhas de Os Intocáveis. Os personagens sabem que podem morrer a qualquer momento. O medo da morte ronda os protagonistas. Isso já foi abordado em clássicos como Onde Começa o Inferno, de Howard Hawks, por exemplo. Mas no filme com John Wayne, todo mundo chega vivo no final. E sem dificuldade alguma, afinal isso é entretenimento gerado por Hollywood. Em Os Intocáveis, os mocinhos não estão garantidos. De Palma quebra uma das vertentes do cinemão ao narrar sua história com uma pitada de produção voltada para o grande público e, sem aviso prévio, manda alguns dos protagonistas para o necrotério em cenas violentíssimas e extremamente dramáticas. É chocante.

Como o público conhecia a série de TV, o filme poderia ter sido concebido como uma aventura para estourar nas bilheterias. Mas não é. Ao contrário de grandes "filmes de máfia" anteriores a Os Intocáveis, como O Poderoso Chefão e Era uma Vez na América, De Palma entregou uma história de "apenas" duas horas de duração e, mesmo assim, conseguiu desenvolver seus personagens com muita rapidez e competência. Um exemplo é o vilão Frank Nitti (Billy Drago), braço direito de Al Capone, com sua expressão caladona e representando o mal absoluto vestido com a mais improvável das cores: o branco.

Os Intocáveis é um clássico que representa a última obra-prima do cinema a abordar a máfia. Foi ignorado pela Academia na categoria Melhor Filme, mas Sean Connery levou um merecido Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e a produção teve mais três indicações: Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora – o que nos leva ao magistral Ennio Morricone. Ainda que Os Intocáveis seja impecável, a música de Morricone é a essência do filme. Tente imaginá-lo sem a trilha forte, bonita e assustadora.

Para mim, Os Intocáveis é o que busco no cinema: entretenimento mesclado com drama, momentos de suspense e puro horror, atuações poderosas, trilha sonora marcante, além de fotografia e ambientes que retratam histórias maiores do que a vida.

Os Intocáveis
(The Untouchables, 1987)
Direção: Brian De Palma
Roteiro: David Mamet (Adaptado do livro de Oscar Fraley e Eliot Ness)
Elenco: Kevin Costner, Sean Connery, Andy Garcia, Charles Martin Smith, Robert De Niro, Billy Drago e Patricia Clarkson

quinta-feira, janeiro 04, 2007

As escolhas dos sindicatos

Depois das indicações ao Globo de Ouro, Hollywood começa a escolher seus favoritos com os prêmios dos sindicatos, que exercem uma influência ainda maior na decisão do Oscar.

Ontem, saiu a lista do sindicato dos produtores (Producers Guild Awards) para cinema e TV, enquanto hoje, os atores elegeram seus preferidos no Screen Actors Guild Awards, que indicou a fantástica Abigail Breslin, de 10 aninhos, como Melhor Atriz Coadjuvante, por Pequena Miss Sunshine. E Jack Nicholson foi esnobado...


Na semana que vem, saem as listas dos sindicatos dos diretores e roteiristas. A entrega dos prêmios PGA será no dia 20 de janeiro, enquanto o SAG acontece no dia 28 de janeiro.


Producers Guild Awards (PGA)

Filme
Os Infiltrados
Babel
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho
A Rainha
Pequena Miss Sunshine


Animação
Carros
Por Água Abaixo
Happy Feet – O Pingüim
A Casa Monstro
A Era do Gelo 2


Série de TV – Drama
Grey’s Anatomy
House
24 Horas
Família Soprano
Lost

Série de TV – Comédia
Arrested Development
Curb Your Enthusiasm
The Office
My Name is Earl
Weeds


Screen Actors Guild Awards (SAG)

Melhor Ator

Leonardo DiCaprio (Diamante de Sangue)
Ryan Gosling (Half Nelson)
Peter O’Toole (Venus)
Will Smith (À Procura da Felicidade)
Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia)

Melhor Atriz
Penélope Cruz (Volver)

Judi Dench (Notes on a Scandal)
Helen Mirren (A Rainha)
Meryl Streep (O Diabo Veste Prada)
Kate Winslet (Pecados Íntimos)

Melhor Ator Coadjuvante
Alan Arkin (Pequena Miss Sunshine)

Leonardo DiCaprio (Os Infiltrados)
Jackie Earle Haley (Pecados Íntimos)
Djimon Hounsou (Diamante de Sangue)
Eddie Murphy (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)

Melhor Atriz Coadjuvante
Adriana Barraza (Babel)

Cate Blanchett (Notes on a Scandal)
Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine)
Jennifer Hudson (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho)
Rinko Kikuchi (Babel)

Melhor Elenco
Babel
Bobby
Os Infiltrados
Dreamgirls – Em Busca de um Sonho
Pequena Miss Sunshine


Melhor Ator em Filme para a TV ou Minissérie
Thomas Haden Church (Broken Trail)

Robert Duvall (Broken Trail)
Jeremy Irons (Elizabeth I)
William H. Macy (Nightmares & Dreamscapes)
Matthew Perry (The Ron Clark Story)

Melhor Atriz em Filme para a TV ou Minissérie
Annette Bening (Mrs. Harris)

Shirley Jones (Hidden Places)
Cloris Leachman (Mrs. Harris)
Helen Mirren (Elizabeth I)
Greta Scacchi (Broken Trail)

Melhor Ator em Série de TV – Drama
James Gandolfini (Família Soprano)

Michael C. Hall (Dexter)
Hugh Laurie (House)
James Spader (Justiça Sem Limites)
Kiefer Sutherland (24 Horas)

Melhor Atriz em Série de TV – Drama
Patricia Arquette (Medium)

Edie Falco (Família Soprano)
Mariska Hargitay (Law & Order: Special Victims Unit)
Kyra Sedgwick (The Closer)
Chandra Wilson (Grey’s Anatomy)

Melhor Ator em Série de TV – Comédia
Alec Baldwin (30 Rock)

Steve Carell (The Office)
Jason Lee (My Name is Earl)
Jeremy Piven (Entourage)
Tony Shalhoub (Monk)

Melhor Atriz em Série de TV – Comédia
America Ferrera (Ugly Betty)

Felicity Huffman (Desperate Housewives)
Julia Louis-Dreyfus (The New Adventures of Old Christine)
Megan Mullally (Will & Grace)
Mary-Louise Parker (Weeds)
Jaime Pressly (My Name is Earl)

Melhor Elenco em Série de TV – Drama
24 Horas
Justiça Sem Limites
Deadwood
Grey’s Anatomy
Família Soprano

Melhor Elenco em Série de TV – Comédia
Desperate Housewives
Entourage
The Office
Uggly Betty
Weeds

A trilogia de Spielberg sobre a Segunda Guerra

Todo mundo fala sobre A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, os novos filmes de Clint Eastwood. Mas não vejo ninguém comentar o trabalho de Steven Spielberg como o produtor desses dois concorrentes ao Globo de Ouro. A importância de Spielberg cresce se considerarmos que os filmes fecham uma trilogia pessoal do cineasta (iniciada com O Resgate do Soldado Ryan) sobre a Segunda Guerra Mundial.

A ferocidade de O Resgate do Soldado Ryan mudou para sempre o gênero e, para mim, representa o melhor filme da década passada – mais do que A Lista de Schindler, eleito pelos críticos americanos. Mas as preocupações artísticas de Spielberg sempre estiveram diretamente relacionadas com a Segunda Guerra Mundial. O conflito retratado pelo cineasta foi além das telas do cinema – ao lado de Tom Hanks, ele produziu Band of Brothers, a melhor coisa que já fizeram pela TV.

Antes mesmo de ser considerado um diretor sério, Spielberg viu a guerra pelos olhos de uma criança em Império do Sol. Era uma época em que o cinema de Spielberg (e o mundo) era mais inocente. O primeiro e o terceiro Indiana Jones, por exemplo, trazia os nazistas como vilões. O Holocausto como parte devastadora do conflito ditou o seu cinema inclusive em filmes como E.T. – O Extraterrestre e O Terminal – onde “estrangeiros” precisavam sobreviver em ambientes e sistemas, até então, desconhecidos e, por muitas vezes, hostis. Vivendo um período mais amargo, Spielberg optou por contar suas histórias com mais contundência. As ramificações da Segunda Guerra Mundial são retratadas por Spielberg em A Lista de Schindler, claro, e Munique (neste aqui, a briga é outra, mas novamente toca no tema dos judeus). O massacre dos robôs em A.I. – Inteligência Artificial, um dos filmes mais subestimados da década, é obviamente inspirado no Holocausto. Algo que também podemos refletir das pessoas correndo desesperadas dos aliens de Guerra dos Mundos.

Spielberg nunca deixou de analisar a sociedade (e a política) de cada época em seus filmes. Meu colega Luiz Carlos Merten, do jornal O Estado de S. Paulo, considera O Terminal, Guerra dos Mundos e Munique como uma trilogia involuntária do diretor sobre o pós-11 de setembro, sem uma vez citar a catástrofe ou as torres gêmeas. É um ponto de vista interessante e totalmente relevante.

Claro que os filmes são de Clint Eastwood, mas depois de A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, vai ser interessante analisar se Spielberg ainda vê a Segunda Guerra Mundial (e os EUA) como em O Resgate do Soldado Ryan, quando o 11 de setembro estava distante.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Don't Call Me Junior

Embora não tenham mais as caras dessa foto, Steven Spielberg, George Lucas e Harrison Ford planejam um Indiana Jones IV há muito tempo. A quarta aventura do arqueólogo mais famoso do cinema gerou boatos e desentendimentos entre Lucas e o diretor e roteirista Frank Darabont, que escreveu uma versão aprovada por Spielberg, mas recusada pelo amigo e produtor da série.

Como você, ando acompanhando todas as notícias sobre esse filme que nunca sai. Mas parece que agora já temos data para o início das filmagens e uma estréia prometida. O próprio Spielberg anunciou hoje que o novo Indiana Jones será seu próximo filme como diretor. Parece que as filmagens estão marcadas para começar em junho deste ano. A estréia está prevista para maio de 2008.

O produtor George Lucas revelou sua euforia pelo roteiro final assinado por Jeff Nathanson, de Prenda-me Se For Capaz, e David Koepp, de Guerra dos Mundos: “O filme será fantástico. O melhor de todos.” Harrison Ford terá 64 anos quando o filme chegar às telas, mas ele disse que está pronto: “É um prazer voltar a trabalhar com os meus velhos amigos. E ainda não sei se entro nas calças de Indy, mas não tenho dúvidas quanto ao chapéu”. Para Steven Spielberg, “Valeu a pena esperar pelo roteiro. Nós queremos que ele proporcione tudo o que se pode esperar de nossa história com Indiana Jones”.

O trio ainda espera contar com a participação de Sean Connery. Bom, parece que agora vai, mas aguarde por mais informações neste blog louco pelas aventuras de Indiana Jones. No meu caso, a (até então) trilogia exerceu papel fundamental na minha paixão pelo cinema. Os Caçadores da Arca Perdida é o filme que me acordou para a sétima arte. Mas falo sobre isso mais tarde.

Você está ouvindo a música de John Williams dentro da sua cabeça neste exato momento? Eu estou.