quinta-feira, maio 31, 2007

Os 100 anos de John Wayne


No início dos tempos, havia Marion Michael Morrison, um dos melhores jogadores da equipe de futebol americano da USC (University of Southern California). Ele adorava ver o cowboy Tom Mix em matinês e tinha o apelido de Duke (por ser amigo inseparável de um cão terrier de mesmo nome). Em 1926, Tom Mix o contratou como assistente de produção em um de seus filmes. Dois anos depois, Duke foi extra em um filme pouco conhecido de John Ford, que sabendo de suas habilidades no esporte o desafiou para uma partida. Naquele momento, nasceu uma das mais brilhantes parcerias do cinema.

Em 1930, o diretor Raoul Walsh perguntou a John Ford se havia algum jovem ator interessante para o papel principal de A Grande Jornada. Na época, Walsh lia uma biografia do General Anthony Wayne e disse para Duke Morrison: “Não. Você tem cara de Wayne”. O filme não foi tão bem de crítica e público, mas lançou o lendário John Wayne.

Após nove anos fazendo produções B, Wayne recebeu o roteiro de No Tempo das Diligências (1939), de John Ford. O filme se tornou um clássico instantâneo e transformou Wayne em astro. Seu papel não foi exatamente o principal: um anti-herói chamado Ringo Kid, que se apaixonou por uma prostituta. O amor significou a redenção, o perdão para o casal, de acordo com John Ford, claro.

Ford e Wayne colaboraram em faroestes obrigatórios ou verdadeiras obras-primas como Rastros de Ódio (1956) e O Homem Que Matou o Facínora (1962). Ford tem uma célebre frase: “My name is John Ford and I make westerns”. John Wayne foi imortalizado como “O Maior Cowboy do Cinema”. Num tempo de cowboys machos no terreno que, para muitos, representa a última das mitologias. Mas a dupla também contribuiu em outros gêneros com belíssimas poesias como Depois do Vendaval (1952), que traz a cena de beijo mais bonita da sétima arte (reverenciada por Steven Spielberg numa seqüência inesquecível de E.T.).

John Wayne teria completado 100 anos na última segunda-feira, dia 26 de maio. Morreu em 11 de junho de 1979, aos 72 anos. O astro fez mais de 100 filmes e sei que ainda tenho muito para descobrir sobre John Wayne. Alguns títulos me deixaram sem palavras como os que descrevi acima. Principalmente Rastros de Ódio. Seu Ethan Edwards é um dos meus personagens favoritos. Há tanto racismo e ódio dentro dele – sem falar na paixão platônica (e reprimida) pela cunhada, uma das coisas mais dolorosas que já vi. Ele é um Ulisses sombrio nesta Odisséia, de John Ford. Gosto muito também de Onde Começa o Inferno (1959), de Howard Hawks, que atingiu a perfeição.

Engraçado como só depois dos 60 anos que Wayne ganhou seu Oscar de Melhor Ator, por Bravura Indômita (1969), de Henry Hathaway. Vale pelo reconhecimento ao astro, porém não é nem de longe um dos melhores filmes de sua vida. Obras de arte no sentido poético e sincero. Mas que vontade de passar na locadora numa hora dessas...

quarta-feira, maio 30, 2007

All the President's Men

Por Denis Torres Ferreira

Filmes Eternos

Teclas de uma máquina de escrever atingem a folha de papel com a força do disparo de uma arma. Assim começa Todos os Homens do Presidente (All the President's Men, 1976), um dos melhores e mais corajosos filmes norte-americanos da década de 70.

Alan J. Pakula dirigiu com maestria e fez algo extremamente difícil: transformar política e jornalismo investigativo numa obra de arte agradável, sem se tornar chata e que prende a atenção do espectador como todo bom thriller.

O filme conta a história do escândalo do Watergate, que foi um dos casos políticos mais escabrosos da história dos EUA, e que causou a renúncia do presidente Richard Nixon, em seu segundo mandato. Para quem não conhece muito bem, Watergate é o nome do edifício em que se localiza a sede do Democratic National Committee (DNC), lugar onde cinco homens da administração de Nixon tentaram se infiltar e foram pegos em flagrante. Isso gerou outros casos de implantação de provas falsas feitas pelo governo Nixon para derrubar seus oponentes, além de utilização de dinheiro de fontes duvidosas para promover sua campanha de reeleição. O filme é baseado no livro homônimo dos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, interpretados respectivamente por Dustin Hoffman e Robert Redford. E essa é a grande sacada do filme: a derrocada de Nixon do ponto de vista dos jornalistas, que apenas faziam seus trabalhos.

A verdade é que Todos os Homens do Presidente não teria ido muito longe se não fosse por um funcionário do alto escalão do governo norte-americano, o misterioso (que existiu na vida real) Deep Throat. É ele quem dá dicas quentes ao personagem de Redford para que a investigação siga no caminho correto. Ele lembra muito o outro Deep Throat, aquele da série Arquivo X, de quem o detetive Fox Mulder (David Duchovny) recebia informações. Até os encontros são parecidos!

Vale mencionar que além dos ótimos atores principais, o filme tem um elenco de atores coadjuvantes do mesmo nível, com destaque para Jason Robards, que papou o Oscar interpretando o editor-chefe do jornal Washington Post. O filme também ganhou os Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, Direção de Arte e Som.

Todos os Homens do Presidente é uma história tratada com seriedade e não abre mão de apresentar os fatos tais como ocorreram, e recentes na época do lançamento - o filme foi realizado apenas quatro anos após o escândalo. É lógico que há elementos fictícios, mas nada que comprometa o essencial, que é a busca pela verdade e transparência perseguida com tenacidade e persistência pelos dois repórteres, que mudaram e criaram um novo modelo de jornalismo, mais competente e que não aceita desculpas fáceis.

segunda-feira, maio 28, 2007

Cannes premia filme romeno

Para quem não suporta os filmes do verão norte-americano e acha que o Oscar tem muito marketing ou que os europeus são bem mais sérios em suas premiações, é hora de se deliciar com a lista dos vencedores do 60º Festival de Cannes. A Palma de Ouro foi para o romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, de Cristian Mungiu (na foto, ao lado do Presidente do júri, o diretor Stephen Frears).

O blog do meu colega Vinícius Pereira cobriu todo o festival. Depois passa lá. Abaixo, a lista completa dos felizardos. Divirta-se:


Palma de Ouro
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, do romeno Cristian Mungiu

Grande Prêmio
Mogari no Mori, da japonesa Naomi Kawase

Prêmio do Júri
Persépolis, da franco-iraniana Marjane Satrapi e do francês Vincent Paronnaud, e Luz Silenciosa, do mexicano Carlos Reygadas

Melhor Atriz
A sul-coreana Jeon Do-yeon, por Secret Sunshine

Melhor Ator
O russo Konstantin Lavronenko, por Izganie

Melhor Direção
O norte-americano Julian Schnabel, por Le Scaphandre et le Papillon

Melhor Roteiro
Do Outro Lado, do turco-alemão Fatih Akin

Prêmio Especial
Paranoid Park, do norte-americano Gus Van Sant

Palma de Ouro de Curta-Metragem
Ver Llover, da mexicana Elisa Miller

Câmera de Ouro
Les Méduses, dos israelenses Etgar Keret e Shira Geffen

sexta-feira, maio 25, 2007

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo


Nessa altura, vamos ser honestos, somente quem gosta das aventuras do Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) vai comprar ingresso para ver Piratas do Caribe – No Fim do Mundo (Pirates of the Caribbean – At World’s End, 2007). Os episódios da trilogia bilionária do diretor Gore Verbinski e do produtor Jerry Bruckheimer também não são filmes perfeitos. A única pretensão de Piratas do Caribe é divertir. Nesse ponto, a série é infalível. E o terceiro e (até agora) último filme não decepciona os fãs.

A trilogia sempre chamou minha atenção para um detalhe: Verbinski, Bruckheimer e os roteiristas Ted Elliott e Terry Rossio só podem ter buscado inspiração em Star Wars (a trilogia original). Não na mitologia desenvolvida por George Lucas, mas na estrutura de roteiro. Veja bem: Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra começa como uma aventura despretensiosa com os lados do bem e do mal bem definidos, assim como o Star Wars, de 1977. Em Piratas do Caribe – O Baú da Morte, a série ganha contornos épicos e mais sombrios. E tudo dá errado para os heróis, inclusive um deles é capturado no final, assim como em O Império Contra-Ataca. Já o novo Piratas do Caribe – No Fim do Mundo segue a cartilha de O Retorno de Jedi. O primeiro ato consiste no resgate de Jack Sparrow (em Star Wars é a busca por Han Solo que move os personagens), enquanto o segundo se concentra na preparação para a batalha final, que encerra o filme.

Ou seja, não é uma cópia descarada como Eragon, mas simplesmente Piratas do Caribe segue uma estrutura que costuma dar certo em Hollywood. Nenhum deles é um filmaço porque não se trata de um projeto autoral – como foram O Senhor dos Anéis, o Star Wars original e as aventuras de Indiana Jones. Piratas do Caribe seguiu essa fórmula e acertou graças ao comando do produtor Jerry Bruckheimer, que obviamente controlou a trilogia, e o talento de Johnny Depp. Quando seu Jack Sparrow retorna em No Fim do Mundo, o filme e a platéia vão juntos com ele. Seu cinismo continua irresistível e ainda cruza com a figura única de Keith Richards, que interpreta o seu pai. Infelizmente, o guitarrista dos Rolling Stones tem pouquíssimo tempo em cena, mas ele consegue aproveitá-lo para exibir um solo.

Por mais estranho que isso pareça em um blockbuster de Bruckheimer, a verdade é que No Fim do Mundo é o filme mais complexo e poético dos três. Sério. Claro que isso é bem ralo, mas o sentimento é representado por belíssimas cenas de impacto visual, como os piratas cantando na abertura do filme e, principalmente, no limbo (os domínios de Davy Jones), onde se encontra Jack Sparrow, além de uma certa ousadia no destino de alguns personagens.

Mas o filme é basicamente isso: uma preparação para a batalha final. Quando a seqüência surge nos 30 ou 40 minutos finais (são cerca de 2h50 de projeção), ela é monumental e atinge um patamar jamais alcançado anteriormente pela série Piratas do Caribe. É empolgante, emocionante e você se contorce na cadeira do cinema torcendo por Jack Sparrow & Cia. Talvez seja a melhor cena de batalha do cinema desde que O Senhor dos Anéis deixou saudades. E é uma das poucas franquias que não copiou as loucuras de Peter Jackson. Mas se você não é um fã, passe longe dos cinemas. No Fim do Mundo é longo, exagerado e não é um filme de Bergman ou Truffaut. A última parte da série é para ser degustada com pipoca e refrigerante e vale um ingresso muito caro. Cinema AINDA é a maior diversão.

Abaixo, as notas do blog para Piratas 1 e 2:

Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra
Piratas do Caribe - O Baú da Morte

Piratas do Caribe - No Fim do Mundo (Pirates of the Caribbean - At World's End, 2007)
Direção: Gore Verbinski
Elenco: Johnny Depp, Keira Knightley, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Chow Yun-Fat e Bill Nighy

quinta-feira, maio 24, 2007

Ninguém mexe com Jerry Bruckheimer


Para o bem ou para o mal, Jerry Bruckheimer é um dos produtores mais poderosos de Hollywood. Seu nome se tornou forte nos anos 80, ao lado do amigo Don Simpson. Juntos, eles tocaram produções com mais prestígio do que os diretores escolhidos para filmá-las. Foi assim com Flashdance, Gigolô Americano e Top Gun.

Mas rapidamente, Don Simpson e Jerry Bruckheimer viraram sinônimos de cinema de ação. De preferência com muitas explosões, tiros, mulheres sensuais, guitarras, perseguições e muito, mas muito barulho mesmo. E tudo isso vem amarrado com edições pra lá de ágeis. Tem gente que odeia. Tem gente que adora. Ainda nos 80, eles produziram Um Tira da Pesada I e II. Detalhe: a segunda aventura do Detetive Axel Foley (Eddie Murphy) foi exibida em alguns cinemas norte-americanos com o volume máximo para deixar a platéia atordoada. Um simples pedido de Simpson, Bruckheimer e do diretor Tony Scott.

Já na década seguinte, eles atacaram com filmes ainda mais barulhentos: Dias de Trovão, Bad Boys, além dos mais "contidos" Maré Vermelha e Mentes Perigosas - sim, aquele mesmo com Michelle Pfeiffer (Simpson e Bruckheimer também amam). Em 1996, A Rocha marcou a primeira parceria com o diretor Michael Bay. O filme foi um sucesso, mas representou a última colaboração entre a dupla. Don Simpson foi vítima de overdose e faleceu.

Bruckheimer seguiu em frente e lançou Con Air, Inimigo do Estado, Armageddon, 60 Segundos - filmes com ritmos cada vez mais frenéticos. Em 2001, veio o fracasso de Pearl Harbor, tentativa frustrada de Bruckheimer e Michael Bay de pegar carona no sucesso de Titanic. Tirando Bad Boys II, o produtor usou sua influência para projetos mais interessantes como deixar Ridley Scott dirigir Falcão Negro em Perigo, e entre uma bobagem e outra, ele se dedicou ao maior sucesso comercial de sua longa carreira: a trilogia Piratas do Caribe. Sob o comando do diretor Gore Verbinski e a supervisão da Disney, os três filmes não sairam tão exagerados da sala de edição - levando em consideração, claro, o nome de Jerry Bruckheimer na produção.

Incansável aos 61 anos, ele também é o responsável por séries de TV como C.S.I., Close to Home, Justice, Without a Trace e Cold Case. Além disso, seu domínio na indústria está longe do fim. Se os dólares arrecadados no primeiro final de semana de Piratas do Caribe - No Fim do Mundo forem generosos, Jack Sparrow (Johnny Depp) pode voltar. Nada é impossível em Hollywood. Ainda mais com Jerry Bruckheimer por trás de uma produção.

Johnny Depp é o cara

Johnny Depp é o ator favorito de Tim Burton (com quem fez filmes como Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça) e merece os rótulos de versátil e camaleão.

Depp tem o raro dom de mudar sua aparência e personalidade de um filme para outro. Embora seja um dos mais cobiçados e talentosos atores de sua geração, ele só foi reconhecido pela Academia em 2004, quando recebeu a primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator pela aventura Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra. No ano seguinte, Depp foi indicado na mesma categoria por Em Busca da Terra do Nunca. Até Tim Burton brincou: “As pessoas pensam que somente agora que ele se tornou um bom ator. Mas ele sempre foi...”. Bom, ao menos, hoje, ninguém deve chamá-lo de Johnny "Deep", não é?

Atualmente, ele é o pirata mais roqueiro do cinema, um dos recentes ícones da cultura pop. Mas, ironicamente, Depp não é tão amigo assim da fama. Não gosta de ver seu nome em tablóides e não quer saber quem é mais rico ou pobre em Hollywood, ou quem namora quem nessas listas “inteligentes” de revistas e sites de entretenimento. Depp também não quer papéis de galã. Ele busca desafios (estranhos ou ousados). A idéia de transformar Jack Sparrow em um pirata “afetado” veio do próprio ator, que improvisou e deixou toda a equipe gargalhando nos bastidores de sua primeira cena.

Sobre Piratas do Caribe, Johnny Depp diz que não está lá por dinheiro ou pela fama. Ele adora interpretar Jack Sparrow e confessa que faria mais uns quatro filmes da franquia se isso dependesse de sua vontade. E seria um grande problema ver o Capitão Jack Sparrow mais vezes no cinema, não?

quarta-feira, maio 23, 2007

O sortudo Orlando Bloom

O inglês Orlando Bloom deve ter o melhor agente de Hollywood. Só assim para explicar como este jovem e limitado ator de 30 anos atuou em tantos filmes importantes da década? A lista pode causar inveja a outros atores (melhores) de sua geração.

Ele trabalhou com Ridley Scott, em Falcão Negro em Perigo e Cruzada, e Cameron Crowe, em Tudo Acontece em Elizabethtown. Neste último, ele ganhou nada mais, nada menos do que o papel principal. Só isso. Bloom também esteve no pavoroso Tróia, mas até estrear, o filme de Wolfgang Petersen foi divulgado como um dos grandes destaques do verão americano de 2004. E mais: Orlando Bloom conseguiu espaço em duas das mais celebradas sagas cinematográficas dos últimos anos: O Senhor dos Anéis e Piratas do Caribe.


Nesta sexta-feira, os fãs da trilogia Piratas do Caribe descobrirão se Will Turner (Orlando Bloom) salvará o pai (Stellan Skarsgard) das garras de Davy Jones (Bill Nighy), ou se ele ficará com sua amada Elizabeth (Keira Knightley). Para quem odeia Orlando Bloom, tenho uma boa notícia: até a meia hora final de Piratas do Caribe - No Fim do Mundo, Will Turner tem pouca importância em cena se fizermos uma comparação aos dois filmes anteriores. Eu disse: até a meia hora final.

Mas gostando ou não do ator, ele tem lugar cativo na mente de uma geração que cresce com filmes mágicos como O Senhor dos Anéis e Piratas do Caribe. Você terá coragem de dizer ao seu filho (ou neto) que Orlando Bloom não é bom ator? De qualquer forma, ele está no caminho certo e ainda tem muito o que aprender. Basta fazer valer a sua passagem por Hollywood.

terça-feira, maio 22, 2007

Keira Knightley não é Natalie Portman

Aos 22 anos, a inglesinha Keira Knightley encerra uma fase em sua carreira. Com o fim da trilogia bilionária Piratas do Caribe, sua chave para a porta da frente de Hollywood, Keira tem três projetos engatilhados: Atonement, a reunião com o diretor Joe Wright, de Orgulho e Preconceito, Silk, de François Girard, o responsável por O Violino Vermelho, e o já polêmico The Edge of Love - por causa de suas cenas "românticas" com a atriz Sienna Miller.

Antes do primeiro Piratas do Caribe, Keira atuou ao lado de Jonathan Rhys Meyers, de Match Point, e Parminder Nagra, de E.R., em Driblando o Destino, comediazinha inglesa divertida, porém esquecível. Mas foi na aventura bucaneira da Disney, em 2003, que ela conquistou o público com seu sorriso de menina e caiu nas graças do produtor Jerry Bruckheimer, que também a colocou no papel de Guinevere, em Rei Arthur (2004). O respeito de Hollywood veio com a indicação ao Oscar de Melhor Atriz por Orgulho e Preconceito, um dos melhores filmes de 2005. Talvez o melhor.

Em Piratas do Caribe - No Fim do Mundo, que estréia sexta-feira em todo o planeta, Keira jamais esteve tão bonita. Atenção para uma das cenas finais. Não preciso contar nada... você saberá. E o sucesso previsível do filme talvez apague de uma vez por todas a confusão que algumas pessoas fazem: Keira Knightley não é Natalie Portman. Ainda ouço gente confundindo as duas. De fato, há uma semelhança, afinal ela "atuou" em Star Wars - Episódio I: A Ameaça Fantasma como uma das sósias de Padmé (Natalie Portman). São bonitas, talentosas, mas chega, não? E será que Keira voltará a interpretar uma Elizabeth? Até agora, isso deu certo. Ela foi Elizabeth Swann, em Piratas do Caribe, e Elizabeth Bennet, em Orgulho e Preconceito.

segunda-feira, maio 21, 2007

Notas rápidas


Pelas barbas do profeta, Al Pacino e Robert De Niro vão mesmo atuar juntos! Embora isso ainda não esteja registrado no IMDB, fontes confirmam a reunião dos monstros sagrados em Righteous Kill, de Jon Avnet. Para quem não se lembra, eles estiveram em O Poderoso Chefão – Parte II (1974), mas não dividiram nenhuma cena. Já em Fogo Contra Fogo (1995), o diretor Michael Mann colocou a dupla numa cena bem rápida. Mas valeu. Escrito por Russell Gewirtz, de O Plano Perfeito, Righteous Kill já tem data para o início das filmagens: 9 de agosto.

*

Como Hollywood é previsível, não? É só ter um nome em alta e ele cai nos melhores roteiros. Será que o agente do escocês Gerard Butler é o mesmo que trabalha com Orlando Bloom? Bom, o ator de 300 foi escolhido para interpretar o policial Malone em The Untouchables – Capone Rising, de Brian De Palma. Fico imaginando as idéias: “O Sean Connery é escocês. Desta vez, nós precisamos de um ator jovem para a prequel. Quem é o escocês da vez? Ah, claro! Gerard Butler!”

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Steven Spielberg e Peter Jackson juntam forças para levar as aventuras de Tintin às telas. Mas a dupla quer fidelidade à obra de George “Hergé” René e a adaptação será em CGI. No entanto, a mesma tecnologia de motion-capture utilizada no Gollum, de O Senhor dos Anéis, e em O Expresso Polar, de Robert Zemeckis, deve alçar vôos mais altos. Spielberg e Jackson querem três filmes para Tintin. Cada um dirigirá um longa, mas o terceiro cineasta ainda não foi revelado.

O que eu posso dizer?

A última enquete do blog foi meio que... imposta pelas leitoras. Qual é o cara mais sexy de Hollywood, etc... Quero que todos saibam que a enquete jamais é manipulada, mas como entender a vitória de Jude Law (com 30% dos votos)?

Está certo que ele foi seguido bem de perto por Hugh Jackman (25%). Mas confesso que a presença de Clint Eastwood - ao lado de Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e George Clooney - foi culpa minha. Apenas para quebrar um pouco a "seriedade" desta enquete. E fiquei decepcionado. É verdade.


Eu queria pedir desculpas ao Sr. Clint Eastwood, afinal ele só obteve um voto. O meu! Saibam, caríssimas Hollywoodianas, que a carreira de Clint não dá para ser comparada à filmografia do Sr. Jude Law. Embora esteja em evidência graças a My Blueberry Nights, destaque do atual Festival de Cannes, ele fez pouquíssimos filmes de verdade (como A.I. ou Closer). Já Clint não. Oscar de Melhor Diretor por Os Imperdoáveis e Menina de Ouro, o Sr. Eastwood não sai sem camisa em capas de revistas. Ele é discreto. Quero só ver se o Sr. Jude Law continuará brilhando aos 77 anos... Mas é um prazer atender aos seus pedidos, queridas leitoras.

Sério: Jude Law é um jovem e ótimo ator. Mais barato do que Tom Cruise ou Brad Pitt. Aos 36 anos, ele é o astro de My Blueberry Nights, o que deve ser o filme romântico do ano. Ainda vão ouvir falar muito de Jude Law. Indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, por O Talentoso Ripley, e Melhor Ator, por Cold Mountain, Law tem essa mania de atrair a atenção das meninas. Eu não entendo. Recentemente, ele fez o divertido O Amor Não Tira Férias, mas a diretora Nancy Meyers pintou o ator como o homem ideal. As mulheres acreditaram e isso só fez bem pra carreira de Jude Law. Vai entender. E ainda dizem que ele se parece comigo...

sexta-feira, maio 18, 2007

Five Easy Pieces


Filmes Eternos


Por Denis Torres Ferreira*


Cada um Vive Como Quer (Five Easy Pieces, 1970) é um dos filmes marcantes da contracultura – tão em voga no início da década de 70. É também um veículo feito sob medida para Jack Nicholson, que consolidou sua carreira como megastar e também a imagem de rebelde, sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator pelo papel.

Feito um ano após Easy Rider, que é o ícone máximo desse movimento, Cada um Vive Como Quer foi definitivo para o amadurecimento de Jack Nicholson como ator – sendo o seu primeiro papel realmente sério e importante. Em Easy Rider, ele está solto e descontraído, já em Cada um Vive Como Quer, seu personagem é mais centrado e complicado. Analisando a partir da persona de Nicholson, o filme atua como uma ponte entre Easy Rider e Um Estranho no Ninho, clássico de Milos Forman em que ele atinge a sua expressão máxima como ator, com uma desenvoltura que poucos conseguiriam usar para representar o tipo louco, cínico e rebelde, mas sem jamais perder o charme.

A história gira em torno de Robert E. Dupea (Nicholson), pianista de talento, de família abastada, que largou sua vocação e foi trabalhar como peão num campo de petróleo. Sem falar com o pai há anos, Dupea é um homem que ainda não encontrou um lugar ao sol, sempre inconformado com as regras e convenções da sociedade, e que as desafia inutilmente, prejudicando cada vez mais a sua vida e as pessoas de seu círculo. Uma das cenas mais famosas do filme é quando Dupea vai a um diner, típico bar e restaurante americano de beira de estrada, e briga com uma garçonete que não consegue atender ao seu pedido. É hilário!

Cada um Vive Como Quer foi o primeiro filme de uma suposta trilogia desconexa, toda dirigida por Bob Rafelson e estrelada por Nicholson (os trabalhos seguintes foram O Dia dos Loucos e Sangue e Vinho). Cada um Vive Como Quer é disparado o melhor dos três, porém vale a pena dar uma olhada em Sangue e Vinho, afinal possui uma história interessante e reúne dois grandes atores que jamais haviam trabalhado juntos: Jack Nicholson e Michael Caine.

*Pessoal, Denis Torres Ferreira estréia no blog como colaborador. Cinéfilo e são-paulino roxo, ele começa justamente abrindo a área "Filmes Eternos", onde HOLLYWOODIANO pretende relembrar produções clássicas e cults. Espero que gostem.

Diretores comentam sobre o último Harry Potter


O diretor inglês David Yates é o responsável por Harry Potter e a Ordem da Fênix, e já assinou para comandar o sexto filme da série. Mas quem vai encarar o último filhote da franquia? As especulações já começaram. Será que Chris Columbus (credo) retorna? Ou Alfonso Cuarón? E Mike Newell? Alguns diretores brincaram com a idéia e revelaram à MTV o que fariam com Harry Potter and the Deathly Hallows. Veja abaixo:

Zack Snyder, de 300: "O problema com Harry Potter é que não dá para fugir muito do que está escrito nos livros. Você quer vê-los transando? Brigando? Ou atirando um no outro? Claro! Minha idéia seria fazer um filme de censura rigorosa, mais sombrio. E seria ótimo ver Harry morrer no final."

David Fincher, de Seven e Clube da Luta: "Será que eu seria capaz de fazer um filme mais sombrio do que Alfonso Cuarón? Não sei. Será que Harry deveria morrer? Assim como todo adolescente."

George Miller, de Mad Max e Happy Feet: "Gosto da ousadia de alguns filmes populares dos anos 60 e 70. Aqueles em que o herói morre no final. Desde Butch Cassidy até Bonnie & Clyde. O último filme que se arriscou assim foi Thelma & Louise. Seria interessante e corajoso se Harry morresse. Como se um ciclo fosse encerrado."

Tom Tykwer, de Corra, Lola, Corra e Perfume: "O que eu gosto na série é que, quanto mais velho Harry fica, mais assustadores se tornam os filmes. Acho que eu exploraria o medo numa proporção maior do que os outros filmes fizeram. Mas eles estão chegando lá. Estou curioso para ver onde isso vai dar."

Rob Zombie, do novo Halloween: "Seria violento e com muita nudez. É o que a série precisa. E Harry diria fuck várias vezes."

Edgar Wright, de Todo Mundo Quase Morto: "Eu gostaria de ver Daniel Radcliffe pelado e mutilando cavalos (ele se refere à peça Equus, protagonizada pelo ator). Na Inglaterra, aquele cartaz do lado de fora do teatro é enorme e impressiona. É coisa de louco. São três andares de altura com a imagem do Daniel Radcliffe pelado."

Edward Zwick, de O Último Samurai e Diamante de Sangue: "Na época do primeiro filme, minha filha tinha oito ou nove anos e eu lia os livros para ela. Eu certamente saberia o que fazer com aquele material. Seria divertido. E agora? Não sei. Mas foi maravilhoso ver o terceiro filme dirigido por Alfonso Cuarón. Acho que ele reinventou a série. Foi um belo trabalho. De qualquer forma, não sei bem se eu gostaria de ser o novo diretor."

Guillermo del Toro, de O Labirinto do Fauno: "Na verdade me ofereceram o terceiro filme antes de Alfonso e eu sugeri o nome dele. Eu amo os livros. Eles são ricos e bem detalhados, além de apresentar um universo bastante sombrio. Eu adoraria ver Alfonso voltando à franquia, porque de todos os filmes que ele dirigiu esse foi o que eu mais gostei. Se ele não puder, eu adoraria fazer um, mas aí eu seria obrigado a matar um dos personagens. Eu seria o cara que destruiria a franquia, ou seja, tudo o que criaram antes de mim."

quarta-feira, maio 16, 2007

Lady Vingança

Direto ao ponto: o cinema do coreano Park Chan-Wook não é para todos. Embora seja menos explícito e sangrento do que Oldboy, esse Lady Vingança (Chinjeolhan geumjassi, 2005) também não deixa ninguém indiferente. A principal diferença entre os dois filmes é que Lady Vingança explora a violência dentro de cada um de nós sendo utilizada para fazer justiça com o apoio da ética.

São sentimentos da natureza humana que surgem numa sociedade capaz de punir assassinos impunes - sem esperar pela burocracia da lei. Aproveitando a pronúncia do título nacional é como se o diretor sacramentasse uma "lei de vingança". O diretor Park Chan-Wook leva o público a entender a decisão dos personagens de Lady Vingança e (na agonizante meia hora final) revela a grande força do filme: apontar uma história de redenção por trás de toda a trama de violência e vingança.

Park Chan-Wook analisou o tema em três filmes: Sympathy for Mr. Vengeance (2002), o cultuado Oldboy (2003) e, agora, Lady Vingança (2005), finalmente em cartaz depois de dois anos de espera. A redenção da personagem Lee Geum-ja (a bela Lee Young-ae) a que me refiro é a de sua feminilidade. Depois de 13 anos na prisão, ela sai para executar um plano infalível de vingança, mas o que realmente importa é o seu reencontro como mulher e mãe.

Você pode até lembrar de Kill Bill ao ler críticas de Lady Vingança, mas Quentin Tarantino parece um diretor de ótimas comédias perto do olhar perturbador de Park Chan-Wook. Realmente, o grande diretor de Pulp Fiction é influenciado pela arte do coreano, mas a comparação fica somente no tema (a violência) e na opção pela narrativa fragmentada.

Os momentos mais fortes de Lady Vingança são aqueles que você simplesmente não vê. É o poder da sugestão no cinema e a confiança do diretor na platéia. A violência neste filme é sufocante, mas quase nunca revelada. E ainda assim, muita gente não consegue olhar para a tela. E talvez, o cinema jamais tenha sido tão contundente ao denunciar crimes contra crianças. Não há banalização da violência, mas o cineasta não deixa de mostrar como a mídia se encarrega disso. O que também impressiona em Lady Vingança é como Park Chan-Wook consegue extrair beleza e sensibilidade de um tema tão difícil. Provavelmente, o filme nunca teria saído deste jeito se fosse bancado por um estúdio de Hollywood. É uma experiência de impacto único - por mais que eu tenha gostado, saí do cinema chocado. Acho que nunca encararia uma segunda sessão.

Lady Vingança (Chinjeolhan geumjassi, 2005)
Direção: Park Chan-Wook
Elenco: Lee Yeong-ae, Choi Min-sik, Go Su-Hee e Kang Hye-jeong

terça-feira, maio 15, 2007

Nicole Kidman com carinha de australiana

Um monte de gente já sabe o quanto Moulin Rouge me irrita, mas nem eu ignoro o fato de que Baz Luhrmann é um diretor que entende muito de cinema. E que pode ter uma bela carreira. Com as filmagens quase secretas a todo vapor do épico Australia, seu novo trabalho com estréia prevista para 2008, os fãs do cineasta estão loucos para presenciar cada detalhe deste aguardado romance estrelado por Nicole Kidman e Hugh Jackman.

O site Just Jared publicou diversas fotos que já demonstram os cenários, figurinos e a caracterização de Nicole Kidman e Hugh Jackman no filme. O roteiro de Stuart Beattie (de Colateral) situa a trama de Australia às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Nicole é Lady Sarah Ashley, uma aristocrata inglesa, que precisa transportar 2 mil cabeças de gado pelos terrenos áridos do país com a ajuda do cowboy interpretado por Hugh Jackman. Tudo para o casal se deparar com um bombardeio japonês na cidade de Darwin. Ou seja, lá vem tragédia e choradeira. Tudo o que tem dando certo e errado nos épicos de Hollywood nos últimos anos.

O roteiro ganhou comparações ao clássico E o Vento Levou, mas qualquer produção que leva a assinatura de Baz Luhrmann traz a palavra "exagero" em cada frame. Se desta vez o diretor editar seu filme como cinema e não como videoclipe, quem sabe se não está na hora de um reconhecimento geral de seu trabalho? Ah, claro. Veja as fotos no site Just Jared.

segunda-feira, maio 14, 2007

Nicolas Cage pode ser Al Capone

Um dos filmes mais esperados pelo blog é The Untouchables – Capone Rising, o prelúdio para o clássico Os Intocáveis, de Brian De Palma. Previsto para 2008, o novo filme mostrará como Al Capone (vivido por Robert De Niro no filme de 1987) deu seus primeiros passos rumo ao submundo do crime, assim como o jovem irlandês Jimmy Malone (personagem de Sean Connery no original) se tornou um policial em Chicago.

Parece que Nicolas Cage está negociando com De Palma para interpretar Capone. Se for confirmada, a notícia representará a segunda parceria entre o ator e o diretor. Em 1998, a dupla colaborou no thriller Olhos de Serpente. O único problema é que Nicolas Cage está envolvido em uma série de produções para o ano que vem (incluindo a seqüência de A Lenda do Tesouro Perdido). Mas se o ator recuperou o mínimo de juízo após Motoqueiro Fantasma, ele poderia simplesmente esnobar qualquer uma delas para estrelar o filme de Brian De Palma.

Com roteiro de Brian Koppelman e David Levien, a dupla responsável por Ocean’s 13, e produção de Art Linson, de Os Intocáveis e Dália Negra, The Untouchables – Capone Rising deve começar a ser filmado em junho. E aí? Você concorda com a provável escolha de Nicolas Cage? E quem seria ideal para o papel de Malone?

sábado, maio 12, 2007

A nova tendência do leilão

Em Hollywood, poucos diretores têm controle total numa produção de grande estúdio. Poucos mesmo. Se você não é Steven Spielberg ou George Lucas, uma hora ou outra vai ter que se arriscar em algum projeto mais comercial para agradar aos engravatados que não entendem nada de cinema - só de dinheiro. Por muito tempo, vários filmes foram dominados e agredidos por estúdios, que chegavam a retalhar os pobrezinhos nas salas de edição sem aprovação do diretor. Mas nas últimas semanas, um admirável grupo de cineastas resolveu contra-atacar e, até agora, a jogada deu certo.

Cansado da briga com a New Line, que produziu a trilogia O Senhor dos Anéis, e praticamente fora da adaptação de O Hobbit como conseqüência disso, Peter Jackson mostrou ser um visionário até mesmo fora das telas. Sem esperar pela próxima oferta para dirigir um filme, o cineasta inverteu os papéis e enviou um pacote a quase todos os principais estúdios. A encomenda incluiu um roteiro de The Lovely Bones (ou Uma Vida Interrompida), inspirado no livro homônimo de Alice Sebold, uma previsão de orçamento, a data de início das filmagens, as locações sugeridas, um CD com músicas dos anos 70 para a trilha e, claro, um pedido de leilão. Isso mesmo. O estúdio que desse o melhor lance ficaria com o projeto. E não é que ele foi bem-sucedido nessa ousadia? Não demorou muito e a Dreamworks, de Spielberg, venceu a corrida com as concorrentes Sony, Universal e Warner.

Na seqüência, o diretor Michael Mann, de O Informante e Colateral, usou e abusou do mesmo marketing de Peter Jackson. O pacote de Mann incluiu um roteiro noir de John Logan, responsável por O Aviador e Gladiador, uma proposta de investimento e um esquema de distribuição, além de contar com Leonardo DiCaprio como astro e produtor. Outros nomes que entraram na ótima tendência são os amigos mexicanos Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e Alejandro Gonzalez Iñárritu. Ainda colhendo os louros por, respectivamente, Filhos da Esperança, O Labirinto do Fauno e Babel, eles enviaram propostas para cinco filmes produzidos em espanhol com orçamento total de US$ 100 milhões.

Quais serão as conseqüências em Hollywood se a moda pegar definitivamente? Será que é a solução tão esperada para bons diretores comandarem seus filmes à frente de qualquer opinião do estúdio? A verdade é que já estava na hora de alguém ensinar a Hollywood a gastar menos e produzir mais (e melhor). Dessa forma, o tradicional filme com cara de receita de bolo estaria com os dias contados? Acho que isso ainda não vai virar festa, afinal que estúdio aceitaria o "pacote" de um Michael Bay? Ou de um Joel Schumacher? Mas ainda assim, o caminho para um futuro promissor da indústria norte-americana foi apontado.

terça-feira, maio 08, 2007

C'era una volta in Rio


O último sábado foi inesquecível para quem estava no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. De forma magistral, o maestro italiano Ennio Morricone abriu o evento Música em Cena (que ainda terá Gustavo Santaolalla, entre outros monstros). E paguei pra ver.

Meia hora antes do início do concerto, os portões se abriram e pisei no belíssimo Theatro Municipal pela primeira vez, que já exibia, em sua entrada, um clipe com cenas de Três Homens em Conflito e Cinema Paradiso, grandes composições de Morricone. Com o teatro lotado de gente de todos os tipos, o início atrasou um pouco por causa do longo (e inoportuno) discurso de José Wilker, em nome do ministro Gilberto Gil. O público ensaiou uma vaia e o ator (muito arrogante) levantou a voz, principalmente, nos momentos em que Gil queria destacar a importância da música brasileira no cinema (!). O caos quase tomou conta do local quando ele considerou Ennio Morricone como um “tropicalista italiano”. Francamente... Além disso, muita gente (inclusive eu) ficou preocupada, porque o roteiro não trazia Cinema Paradiso.

Bom, quando a extraordinária Orquestra Petrobrás Sinfônica entrou no palco, a ansiedade e a imagem dos filmes de Morricone tomaram conta da mente (e do coração). Silêncio. E lá estava ele. Velhinho de 79 anos aplaudido de pé. Foi impossível conter as lágrimas.

No primeiro bloco do concerto, A Vida e a Lenda, Morricone começou com a arrepiante trilha de Os Intocáveis e emendou nos maravilhosos temas de Era uma Vez na América e A Lenda do Pianista do Mar. Logo depois, no bloco Folhas Soltas, o Maestro revelou seu lado pop. Algumas trilhas trouxeram influências de samba, jazz e até mesmo rock. O repertório foi composto por H2s, Os Sicilianos, Metti una Sera a Cena: 2 Temi, e Maddalena. Então veio a parte mais emocionante: Modernidade do Mito no Cinema de Sergio Leone. A seqüência com Três Homens em Conflito, Era uma Vez no Oeste e Quando Explode a Vingança foi antológica – aqui brilhou a voz da soprano Suzana Rigacci.

Fiquei mudo durante os 15 minutos seguintes de intervalo só para ser surpreendido com a volta do Maestro: ele finalmente presenteou os fãs com o lindo tema de Cinema Paradiso. Ao iniciar o bloco O Cinema do Compromisso, Morricone apresentou a nervosa trilha de A Batalha de Argel, além de todo o suspense de Investigação de um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita. Depois vieram Sostiene Pereira, Pecados de Guerra e as empolgantes A Classe Operária Vai ao Paraíso e, principalmente, o tema Abolição, de Queimada – o coro fez o teatro inteiro vibrar.

Para finalizar no bloco Cinema Trágico, Lírico e Épico, Morricone comandou a orquestra em O Deserto dos Tártaros, Ricardo III e a divina Gabriel’s Oboe, de A Missão. Aplaudido de pé, Morricone ficou visivelmente emocionado com a platéia. Ninguém queria que ele fosse embora. Foram três bis. O Maestro encerrou com mais uma performance de The Ecstasy of Gold, de Três Homens em Conflito (ao lado de Suzana Rigacci).

Não sou crítico de música, mas saí mudo do teatro. E se falasse algo, eu sabia que iria chorar no meio da multidão. Foi um sonho ligado ao cinema transformado em realidade. E não há palavras para descrever o que aconteceu naquela noite na Cinelândia. Foi como tocar o céu. Na saída, encontrei o crítico do jornal O Estado de S. Paulo, Luiz Carlos Merten, que me abraçou emocionado - esse era o sentimento de todos que deixavam o teatro. Merten confessou que horas antes do concerto, ele passeou com Ennio Morricone pelo Pão de Açúcar. Detalhe: o Maestro cantou músicas que Nino Rota compôs para clássicos de Fellini, como Amarcord. Existe emoção maior do que essa? Após o concerto, minha alma estava lavada e livre de qualquer conflito.


Obs: A primeira foto deste post é divulgação. As outras duas são imagens da minha máquina. Na última delas, eu estou ali, bem à direita, contemplando a música do mestre Ennio Morricone na escuridão.

sexta-feira, maio 04, 2007

Homem-Aranha 3


Homem-Aranha 2 é um dos melhores filmes gerados por uma história em quadrinhos. Engraçado que depois do primeiro, havia a dúvida de que Sam Raimi seria capaz de se superar, afinal o herói já havia sido apresentado. E o que viria a seguir? Somente ação desenfreada e um show de efeitos visuais? Ledo engano. Em Homem-Aranha 2, o roteiro era tão importante quanto os efeitos digitais mais impressionantes que alguém poderia criar. Peter Parker (Tobey Maguire) foi dominado pelo stress e quase desistiu de seu papel de herói. Um filme sobre escolhas, conflitos internos, a importância da amizade e, no fundo, uma bela história de amor entre Parker e Mary Jane (Kirsten Dunst). E quando a ação surgia, ela era monumental. Cortesia de Sam Raimi, que não deixou atores e personagens em segundo plano. O CGI estava lá para ajudar a contar a história e não para dominá-la.

Com Homem-Aranha 3 (Spider-Man 3, 2007), os comentários eram de total confiança: "Claro que o filme será demais" ou "Vai ser tão bom ou ainda melhor do que segundo". Ledo engano. A nova produção (a mais cara da história do cinema) não acrescenta nada à saga do Aracnídeo. Ao contrário do segundo filme, Homem-Aranha 3 repete o que deu certo nos anteriores e a sensação de déjà vu é inevitável. O terceiro filme continua sendo sobre escolhas, conflitos internos, a importância da amizade e, no fundo, uma bela história de amor entre Peter Parker e Mary Jane. Desta vez, o tormento que cerca o herói não é o stress, mas seu lado negro. Mais do mesmo. Houve apenas uma reciclagem de sentimentos.

De fato, Homem-Aranha 3 está longe de ser uma catástrofe. Mas se o anterior é o melhor filme adaptado dos quadrinhos, esse aqui fica atrás de fortes concorrentes, que tentaram superá-lo, como Batman Begins ou Superman – O Retorno. E você sente as 2h20 de projeção, que não justificam a importância de tantos personagens em cena – principalmente as motivações dos vilões. Tudo muito ralo. Será que Thomas Haden Church é tão canastrão assim? Como o Homem-Areia, ele é praticamente monossilábico e, quase sempre, substituído por pixels. Topher Grace (como o fotógrafo Eddie Brock Jr.) parece se divertir mais do que o espectador, mas ele tem pouco tempo para oferecer algo novo à série. Tem também Bryce Dallas Howard, a musa de M. Night Shyamalan, mas que não diz muita coisa no filme. São diversas situações, só que mal desenvolvidas. E lógico que a culpa é do roteiro. Sem falar na aparição do alienígena que gruda em Parker – sei que está nos quadrinhos, mas as explicações para a fantasia em Homem-Aranha 1 e 2 sempre buscaram razões na ciência. Ou seja, as “viagens” estavam lá, mas os pés ficavam no chão.

Infelizmente, nem mesmo as cenas de ação empolgam. Não há nenhuma seqüência de deixar o queixo caído como o confronto no trem de Homem-Aranha 2. A ação nos filmes anteriores era vertiginosa, mas o público conseguia admirar cada detalhe, graças ao ótimo trabalho de montagem. Já em Homem-Aranha 3, há uma luta no início do filme. A câmera está sempre próxima, mas não é capaz de capturar o drama e, pior, quase não se vê coisa alguma. Existe outro problema: as partes com Peter Parker sempre foram as melhores. Mas desta vez, parece que o Homem-Aranha faz falta. Por exemplo, em duas cenas de luta, Parker está sem a máscara. Será que Tobey Maguire precisa mostrar mais o rosto por causa de sua fama atual?

Embora este filme seja mais sombrio e violento, surgem momentos irresistíveis de humor para gerar um equilíbrio. As cenas do editor J.J. Jameson (J.K. Simmons) e a participação de Bruce Campbell são hilárias. Só que ainda assim, como a exagerada dedicação aos efeitos especiais, chega uma hora que o humor também cansa em uma seqüência constrangedora: empolgado com o poder do uniforme negro, Peter Parker dança nas ruas como um John Travolta, em Os Embalos de Sábado à Noite. É até engraçado, mas é o momento Rain Drops Keep Fallin' on my Head deste filme (olha o déjà vu novamente). Se no segundo, a trilha casava direitinho com as cenas, aqui ela beira o ridículo. Parece que o filme vai caminhar para a paródia, mas começa a preparação para o clímax cheio de ação. E aí surgem os verdadeiros astros de Homem-Aranha 3: os efeitos. Parece que toda a grana foi investida neles – especialmente para criar o Homem-Areia. O “nascimento” do vilão impressiona, mas engana. Essa cena representa a maior falha do filme: roteiro fraco dominado por efeitos maravilhosos, resultando em um filme sem a alma e o coração dos anteriores.

Outra implicância: geralmente, o episódio mais sombrio de uma saga é o do meio. Foi assim, por exemplo, em O Império Contra-Ataca. A conclusão da história é melosa e um tanto fúnebre. Mas como a Sony e a Marvel querem Homem-Aranha 4, 5 e 6, talvez este seja mesmo o meio da saga. Só que o futuro não é animador. Se a repetição do que deu certo no passado é evidente neste filme, imagine como serão os próximos.

Homem-Aranha 3 (Spider-Man 3, 2007)
Direção: Sam Raimi
Elenco: Tobey Maguire, Kirsten Dunst, Thomas Haden Church, Bryce Dallas Howard, Topher Grace e J.K. Simmons

quinta-feira, maio 03, 2007

Sam Raimi, um diretor fascinado pelo cinema fantástico


Assim como Peter Jackson, Sam Raimi representa o futuro do cinema de entretenimento em Hollywood. Os dois surgiram em produções gore (aqueles filmes de terror de violência gráfica ou explícita) e, atualmente, dão as cartas em grandiosos projetos. Se Jackson ganhou o Oscar pela trilogia O Senhor dos Anéis, Sam Raimi encantou com as aventuras do Homem-Aranha. Habilidoso com a câmera desde quando não tinha a tecnologia de ponta como aliada, Raimi fez literalmente o diabo em A Morte do Demônio (no qual recebeu uma ajuda dos irmãos Coen) e Uma Noite Alucinante.

O diretor subiu um degrau de cada vez até chegar ao comando de Homem-Aranha, em 2002. O projeto chegou a cair nas mãos de James Cameron, mas depois que a Sony adquiriu os direitos do Aracnídeo, o diretor de Titanic pulou fora. Antes disso, Raimi não viajou somente pelo terror. Ele entregou uma aventura bacana (e trash) de um personagem menos famoso dos quadrinhos: Darkman, estrelado pelo amigo Bruce Campbell. Raimi nunca escondeu seu fascínio pelo cinema fantástico e mesmo quando tentou ser sério em Um Plano Simples, ele exalou essa admiração - e ainda deixou evidente a influência dos Coen em sua carreira.

Recentemente, Sam Raimi falou sobre os planos da Sony e da Marvel para mais três filmes sobre o Homem-Aranha. Se ele vai dirigir? Ainda não há nada confirmado. No momento, ele pensa em descansar e, talvez, em levar O Hobbit, o livro de J.R.R. Tolkien, para o cinema - na verdade, isso seria um alívio para os fãs de O Senhor dos Anéis, afinal Raimi seria ótima opção para o lugar de Peter Jackson, que brigou feio com a New Line.

Sobre Homem-Aranha 3, Sam Raimi declarou à revista Entertainment Weekly, que este é o filme mais ambicioso da série por ter um número maior de histórias para contar e mais personagens. Sobre o lado negro do herói, Raimi comenta: "Por mais que eu adore o Peter, percebi que o público adora ver o cara se ferrar. Eles são estranhos assim. Já percebi suas expressões nos cinemas. Eles se divertem mais quando o Peter está mal, eu acho. Então, gosto mesmo de atormentar os personagens, mas é porque o público gosta." E mais: "Quem sabe se as pessoas vão gostar de Homem-Aranha 3? É tão incerto. Esse filme é mesmo um passo numa direção diferente. Vamos ver se as pessoas querem deixar seu herói caminhar rumo ao lado negro". OK, Sam. Não se preocupe. Até agora você se saiu bem. E nós agradecemos.

O astro do filme mais caro da história

Aos 31 anos, Tobey Maguire é um dos caras legais do cinema. Fora das telas, ele é um amigão de outro sujeito que não se mete em confusão: Leonardo DiCaprio. Tobey sempre passou pinta de bom moço em seus papéis. Com um carisma natural, ele encara cada personagem de sua carreira com a mesma determinação – foi assim em Seabiscuit, mas também nos três filmes do Homem-Aranha.

Acho que notei Tobey Maguire pela primeira vez em Tempestade de Gelo, belo drama de Ang Lee. Logo depois veio aquele encantador Pleasantville, mas provavelmente Tobey tenha demonstrado ser um ator de verdade nos trabalhos seguintes: Regras da Vida e Garotos Incríveis – em dois papéis incomuns para um candidato a astro.
É lógico que tudo mudaria com sua escalação para o primeiro Homem-Aranha. Engraçado como a escolha de Sam Raimi pareceu perfeita mesmo naquela época – e hoje em dia nem se fala. É indiscutível como Tobey Maguire e Peter Parker parecem ser a mesma pessoa. Ainda assim, nada de deixar seu nome preso eternamente no aracnídeo. No intervalo entre as seqüências de Homem-Aranha, Tobey esteve no maravilhoso Seabiscuit, novamente dirigido pelo ótimo Gary Ross (de Pleasantville).

Agora, em Homem-Aranha 3, ele é o astro do filme mais caro de Hollywood (Espantosos US$ 258 milhões). Desta vez, Tobey tem a chance de interpretar Peter Parker de um modo diferente. Sam Raimi explora o lado negro do herói neste filme e será interessante ver como o bom moço vai se sair. Aliás, para quem quer analisar o ator no papel de um sujeito de mau caráter, torça para que O Segredo de Berlim, de Steven Soderbergh, chegue logo aqui no Brasil.

Até lá, Homem-Aranha 3 fará muito barulho nas bilheterias e o salário de Tobey vai lá pra cima. Sei que o ator não gosta de vestir o uniforme apertado do herói, mas adora trabalhar com Sam Raimi e toda a equipe. Já disse que se o diretor estiver no mesmo barco e se o roteiro for interessante, não há problemas para voltar em um possível Homem-Aranha 4. Que ele mantenha os pés no chão e vença seus conflitos internos, além das tentações fáceis de Hollywood, que certamente existirão até uma quarta aventura do aracnídeo. É o que esperamos.

quarta-feira, maio 02, 2007

Na teia do Aranha

Kirsten Dunst acabou de completar 25 aninhos. Se ainda não conquistou um grande número de fãs, ao menos, a garota está no caminho certo. Nesta semana, ela retorna com tudo em Homem-Aranha 3. A personagem Mary Jane Watson pode não ser a maior atração do filme, mas coloca seu nome lá no alto (e vai fazer com que Kirsten não desapareça por um bom tempo).

Fugindo da maldição que chega para os que começam cedo em Hollywood, Kirsten ainda é jovem e já tem seu lugar consolidado na indústria. O prestígio da menina também a deixou longe de outra maldição: a de ser lembrada apenas por uma personagem – como aconteceu com Carrie Fisher, a Princesa Leia, de Star Wars.

Aos sete anos, Kirsten apareceu em Contos de Nova York e, aos oito, esteve em A Fogueira das Vaidades. Ou seja, a garota já trabalhava com as pessoas certas desde pequena. Quatro anos mais tarde, ela chamou a atenção de público e crítica ao conseguir a proeza de roubar as cenas de Tom Cruise e Brad Pitt em Entrevista Com o Vampiro, de 1994. No mesmo ano, ela atuou em Adoráveis Mulheres, ao lado de Susan Sarandon e Winona Ryder. Desde então, seu nome ficou conhecido em todo o mundo e Kirsten conseguiu dezenas de ofertas em cobiçadas produções hollywoodianas. Para citar algumas, ela contracenou com Robin Williams em Jumanji, e a dupla Dustin Hoffman/Robert De Niro, em Mera Coincidência. Hoje, ela é a Maria Antonieta preferida de Sofia Coppola!

Algo que eu soube recentemente é que Kirsten Dunst fez um teste para o papel de Penny Lane em Quase Famosos, filmaço de Cameron Crowe. No entanto, o diretor preferiu ficar com Kate Hudson, mas aproveitou a pequenina para Tudo Acontece em Elizabethtown, que muita gente não gosta. Mas eu adoro. Na verdade, não sou grande fã da atriz, mas neste filme, ela surge como um sonho (ou um anjo) para salvar Orlando Bloom. Acho que é o melhor momento dela no cinema. Todo homem deveria ter uma Kirsten Dunst, de Elizabethtown, em sua vida.